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JACKIE VELLEGO

Autora de novelas processa Globo e expõe que tinha salário menor por ser mulher

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Jackie Vellego está de chapéu bege, ela segura uma caneta com os dentes e usa batom vermelho

Jackie Vellego escreveu novelas da Globo; autora acusa emissora de pagar menos a ela por ser mulher

GABRIEL VAQUER, colunista

vaquer@noticiasdatv.com

Publicado em 20/10/2022 - 7h00

Autora contratada pela Globo entre 1994 e 2017, Jackie Vellego acusa a emissora de lhe pagar um salário menor por ser mulher, mesmo quando exercia a mesma função que um colega homem. Ele deseja a recuperação das perdas em três novelas que escreveu como colaboradora, juntamente com Walther Negrão, para o horário das seis da Globo: Como uma Onda (2004), Araguaia (2011) e Sol Nascente (2016). Ela pede R$ 2,1 milhões.

O Notícias da TV teve acesso aos autos do processo com exclusividade. A ação corre na 33ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Jackie denuncia que o colega escritor Fausto Galvão, que foi colaborador nas mesmas novelas que ela e com quem trabalhava em esquema de revezamento na mesma função, recebia um salário maior. 

Em sua defesa, a Globo diz que Galvão era um ator com mais experiência que Jackie. Também colaborador da emissora em novelas, Galvão fez tramas do horário das nove. Junto com Manoel Carlos, ele colaborou em Laços de Família (2000), Mulheres Apaixonadas (2003) e Páginas da Vida (2006). 

Com João Emanuel Carneiro, Fausto ajudou a escrever A Favorita (2008), atualmente em reprise no Vale a Pena Ver de Novo. Já Jackie fez novelas apenas das faixas das seis e das sete. Fora a parceria com Negrão, ela escreveu tramas como Lado a Lado (2012) e I Love Paraisópolis (2015).

Jacke e Galvão atuaram juntos em parceria com Walther Negrão em três novelas. Ambos se revezaram no mesmo trabalho e ajudaram o autor principal a fechar a produção da semana. No processo, a escritora alega que a função de autor-roteirista não tinha diferença alguma, independentemente de gênero.

"A função do autor-roteirista é auxiliar à do autor principal, escrevendo cenas e diálogos, criando ou adaptando textos preexistentes, de sua autoria ou não, para o fim de utilização nos produtos da reclamada, mormente produções audiovisuais a serem exibidas na TV aberta", diz a sua defesa. 

Nas comparações salariais, a Justiça comprovou que, de fato, Jackie Vellego ganhava menos que seu colega. Enquanto escreviam Sol Nascente, por exemplo, ela recebia praticamente metade dos vencimentos de Fausto Galvão. A Globo também pagava um adicional de 40% de produtividade enquanto a trama estava no ar. 

A decisão de primeira instância saiu no último mês de agosto. A juíza Karen Pinzon Blaskoski entendeu que havia, sim, uma diferença salarial durante a produção de Sol Nascente, mas negou que Jackie tivesse direito a equiparação por Como uma Onda e Araguaia porque o tempo de reivindicação expirou --o processo deve ser apresentado em no máximo cinco anos. 

A juíza também negou dano moral e discriminação de gênero por parte da Globo com a escritora. Para ela, não há provas suficientes para comprovar que a emissora lhe dava um salário pior ser mulher. "Não foi produzida nenhuma prova de que a diferença salarial tenha se dado por ser a autora mulher e tampouco foi identificado nos autos qualquer indício de política discriminatória por parte da reclamada", diz a magistrada.

Com isso, a juíza condenou a Globo a pagar as diferenças de salário apenas por Sol Nascente e dos honorários dos advogados de Jackie Vellego --algo em torno de R$ 700 mil. Globo e a defesa da escritora já recorreram, e o caso vai para segunda instância, em tribunal ainda não definido.

A Globo não comenta casos sub judice. A escritora é representada pelo escritório Tambelli Advogados Associados, que foi procurado pelo Notícias da TV e confirmou as informações da reportagem. 


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