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Divergências

Autor da Globo se demite antes da estreia de programa: 'Fica a dor de corno'

Fotos Estevam Avellar/TV Globo

Leandro Hassum e Mel Maia em cena de A Cara do Pai; autor da série pediu demissão - Fotos Estevam Avellar/TV Globo

Leandro Hassum e Mel Maia em cena de A Cara do Pai; autor da série pediu demissão

DANIEL CASTRO

Publicado em 8/12/2016 - 6h10

No ar a partir do próximo dia 18, a série A Cara do Pai foi criada à imagem de Leandro Hassum e à semelhança de Paulo Cursino, roteirista campeão de bilheteria do cinema nacional pós-retomada. O nome de Cursino aparecerá nos créditos do programa, mas ele não está mais na folha de pagamento da Globo. Após 20 anos de casa, o profissional se demitiu em outubro por divergências sobre o "processo atabalhoado" de produção do humorístico.

A Globo substituiu Cursino, 47 anos, por Daniel Adjafre, que promoveu algumas mudanças no roteiro dos quatro primeiros episódios, que ele havia escrito. Cursino viverá a irônica experiência de assistir ao parto de um filho do qual já não é mais o pai. "Era um seriado autoral, mas a gente aprende a desapegar depois de um tempo. É claro que fica aquela dor de corno de ver no ar algo que é seu", desabafa.

Cursino diz que o seriado foi concebido no ano passado, sob medida para Hassum e inspirado na "situação de pai separado" do roteirista, responsável por comédias que levaram mais de 27 milhões de brasileiros aos cinemas, entre eles De Pernas pro Ar (2010), com Ingrid Guimarães, e Até que a Sorte Nos Separe 1 (2012) e 2 (2013), com Hassum.

Paulo Cursino: a cara do pai de A Cara do Pai (Divulgação)

A série mostra o relacionamento de um pai, o comediante de stand up Théo (Hassum), com sua filha pré-adolescente, Duda (Mel Maia). Recém-divorciado, ele volta a morar com seu pai, Aldair (Walter Breda), e vive pagando mico na frente da filha. Lembra Louie, série do norte-americano Louis C.K., sobre um artista de stand up, separado e pai de duas filhas.

Cursino reconhece o parentesco com Louie. "Tinha mesmo essa brincadeira do Louis C.K., mas o Louis C.K. é muito mais suave do que o Hassum, que tem um dos melhores stand ups do país. O Hassum é mais estridente. O formato é o mesmo, mas é diferente".

O roteirista ressalta que é seu DNA que está em A Cara do Pai. "É a minha experiência que está ali. A minha filha é um pouquinho mais nova do que a Mel Maia. Eu vejo minha filha todo final de semana e no meio de semana às vezes ela vem pra cá, mas a impressão é que você perde alguns detalhes do crescimento dela. É essa brincadeira de você não saber mais lidar com a filha, do jeito que você lidava antes. É um seriado muito mais carinhoso, pai e filha", afirma.

A Cara do Pai deveria ter a "cara" de Cursino e a "pegada" de Hassum, mas os desencontros nos bastidores fizeram com que a história fosse diferente. O roteirista conta que desenvolveu a série de janeiro a março e que, em abril, entregou os quatro primeiros episódios para a Globo.

"Na época, eu falei pra Globo: 'Eu gostaria de desenvolver mais episódios, independentemente de entrar no ar ou não'. E aí a Globo foi muito categórica, falou 'Não, não, vamos primeiro colocar esses quatro episódios no ar, ver qual vai ser a audiência, e aí você escreve o restante'. Eu falei 'Okay'", lembra.

Ele prossegue: "Isso foi em abril, entrei em outros projetos. Quando chegou agosto, a Globo me chamou e disse que tinha 'uma oportunidade boa de botar o seriado já na grade fixa de 2017'. É tudo o que um autor gostaria de ouvir".

Fabricio Mamberti e Daniel Adjafre, novos diretor e redator-chefe de A Cara do Pai

A emissora, então, encomendou 12 episódios para serem entregues até outubro e gravados entre novembro e janeiro. "Eu tomei um susto. Caramba, 12 episódios de humor em três meses?". Cursino relata que perguntou qual seria a equipe de colaboradores. "Não, não, não tem equipe. Queremos que você escreva sozinho", teria respondido a direção da emissora. "Aí eu falei: 'Não acho muito viável'".

Cursino constatou que a série não estava "sendo tratada como deveria" e, numa negociação tensa, decidiu entregá-la para outro profissional e deixar a Globo, onde trabalhou em programas como Zorra Total (ao lado de Daniel Adjafre), A Grande Família e Sob Nova Direção, entre outros. 

"É um projeto do qual eu me orgulho muito, mas que passou por um processo muito atabalhoado. Por exemplo, a gente começou com o Pedro Vasconcelos como diretor, um diretor com quem tenho muita afinidade, mas que saiu, foi pra novela da Glória Perez. Num dado momento, me vi sem um diretor em quem confiava e sozinho, sem autores disponíveis para trabalhar. Me sugeriram dois ou três autores lá de dentro, com quem não estava acostumado a trabalhar, então acabei saindo", lembra.

Cursino manteve as portas da Globo abertas, mas não pensa em voltar à TV tão cedo. Vê a Globo um tanto confusa sobre o tipo de seriado que quer produzir _o nicho de Supermax ou o grande público das comédias? Prefere se dedicar ao cinema. Atualmente, trabalha no segundo O Candidato Honesto, com Leandro Hassum, e numa cinebiografia de Mussum, ambos a serem dirigidos, em 2017, por Roberto Santucci.


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