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NO RODA VIVA

Após piada racista, Serginho Groisman diz que não há negros na equipe do Altas Horas

REPRODUÇÃO/TV CULTURA

Serginho Groisman no Roda Viva, da TV Cultura, em 31 de agosto de 2020

Serginho Groisman no Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (31); comunicador de volta à antiga casa

REDAÇÃO

Publicado em 1/9/2020 - 0h02

Em 2018, a dupla César Menotti & Fabiano participou do Altas Horas e causou polêmica ao contar uma história e falar que "samba é coisa de bandido". Na época, a fala racista causou controvérsia e resultou em um pedido de desculpas dos sertanejos. Dois anos depois, Serginho Groisman relembrou o episódio negativo e disse que atualmente não há negros trabalhando em sua equipe. "Já teve", declarou nessa segunda-feira (31).

Entrevistado do Roda Vida, da TV Cultura, o apresentador relembrou a fala de seus convidados há dois anos após uma pergunta do jornalista Alberto Pereira Jr., do Trace Trends, da RedeTV!, que trouxe à tona a polêmica. Em tempos em que o racismo estrutural é amplamente debatido, o comunicador refletiu sobre o momento em que sua própria atração virou motivo de discussão.

"Essa dupla [sertaneja] já esteve no programa várias vezes antes e já havia contado essa história. Essa história, basicamente, é como um irmão é um pouco mais inteligente, e o outro comete barbaridades. Eles pegaram uma piada, uma história, que foi contada por um sambista, que ia ao presídio, e que um dos dois [cantores] sempre se atrapalhava. O César Menotti falava uma coisa, o Fabiano retrucava de um jeito totalmente estabanado", iniciou.

"Uma história que era engraçada e, na verdade, não se prestou atenção no final, onde eles falam: 'Mas samba é coisa de bandido'. Essa história começou a refletir de uma maneira por um lado muito coerente, muito certo, porque as pessoas se sentiram atingidas e falando: 'Samba é coisa de negro, negro relacionado com bandido e não está correto'", continuou.

Groisman admitiu que o programa, gravado, não foi editado para retirar esse trecho controverso. "Na verdade, primeiro passou desapercebido. Mas deixei na edição, porque, na verdade, eu não iria tentar censurar ou cortar alguma coisa que foi dita. A repercussão foi muito grande, realmente", relembrou.

No entanto, o apresentador ressaltou que além do racismo, um outro ponto poderia ter sido debatido na época. "Existe uma questão que foi colocada de lado. Apesar de ter todo o sentido essa discussão em relação ao samba e ao negro, que é o da população carcerária. As pessoas que fizeram uma reflexão ao que se refere essa história, e que atingia o samba por ser feito por negro, esqueceram de ver que a população carcerária é que estava sendo atacada", considerou.

Para a apresentadora Vera Magalhães, Serginho confirmou que a polêmica gerada pelos sertanejos em sua atração da Globo levantou uma discussão interna em sua produção. "Claro que isso causou uma reflexão na equipe. Foi, talvez, um lapso no sentido de deixar aquilo acontecer", admitiu.

"Mas aquilo foi dito. Foi num determinado contexto, realmente, levado como graça. Porque era uma história contada de uma maneira recorrente por eles em vários programas, inclusive, no próprio Altas Horas anteriormente. Só que as pessoas não tinham esse olhar mais crítico que têm agora e com razão", declarou.

"Então, sim, a gente teve que fazer uma reflexão. Mas, de nenhuma maneira, eu acredito que a gente tenha deixado de dar espaço a quem merece, de dar espaço às pessoas que por alguma maneira se sentem prejudicadas, seja por gênero, raça ou qualquer atitude não democrática", pontuou.

Ainda sobre esse tema, Groisman foi questionado se contava com profissionais negros em sua equipe. "Na minha equipe já teve negros. Nesse momento, não. Mas se a gente falar de gêneros, têm. Acho que uma atitude que a gente tem perante a sociedade tão clara durante tantos anos tem sentido nesses momentos em que a gente faz uma reflexão um pouco mais profunda", explicou.

A bancada de entrevistadores do Roda Viva com Serginho Groisman contou também com Ale Santos, escritor e colunista da Ponte Jornalismo, Cristina Padiglione, colunista do grupo Folha, Débora Miranda, editora do UOL, e Daniel Fernandes, editor-coordenador do núcleo Metrópole do Estado de S.Paulo.

Confira trechos do Roda Viva com Serginho Groisman:

Relembre a piada polêmica de César Menotti no Altas Horas:

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