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Erik Marmo

Após dois anos e meio desempregado, ex-galã da Globo vira repórter

Caesar Lima/Divulgação

Erik Marmo apresenta o programa Planeta Brasil, na Globo Internacional, desde agosto - Caesar Lima/Divulgação

Erik Marmo apresenta o programa Planeta Brasil, na Globo Internacional, desde agosto

GABRIEL PERLINE

Publicado em 24/3/2016 - 5h31

Revelação da Globo no início dos anos 2000, Erik Marmo viu sua promissora carreira de ator estagnar. Após protagonizar duas novelas e uma minissérie e de contracenar com estrelas do naipe de Ana Paula Arósio, Marmo virou coadjuvante. Seu último papel importante foi em 2007, em Sete Pecados. No final de 2012, se viu sem contrato com a Globo. Um ano depois, arrumou as malas e foi com a família tentar a sorte nos Estados Unidos. Ficou mais um ano e meio desempregado. Desde agosto passado, ganha a vida entrevistando brasileiros anônimos e famosos para o canal internacional da Globo.

"As dores [de ser ator] são as incertezas e a instabilidade. Numa profissão em que se pode trabalhar por toda a vida, anos de fracasso ou de sucesso podem não significar muito quando diluídos ao longo de toda uma carreira", filosofa o ator, hoje com 39 anos, em entrevista ao Notícias da TV, diretamente de Los Angeles (EUA), por e-mail.

O primeiro trabalho de Marmo na TV foi em Malhação (2000), interpretando o estudante gay Sócrates. Ficou apenas pouco mais de um mês no ar, mas a repercussão do personagem lhe rendeu convites para papéis de destaque em outras tramas. Foi o protagonista jovem de Mulheres Apaixonadas (2003) e o mocinho da minissérie Um Só Coração (2004), na qual formou par romântico com Ana Paula Arósio. Mas foi como arcanjo Gabriel, personagem de Sete Pecados, que caiu nas graças do público.

Seus trabalhos seguintes foram pouco expressivos, e Erik perdeu o contrato fixo com a Globo. Em Gabriela, seu acordo com a emissora já era por obra certa. Ao final da novela, não surgiram novos convites, e ele decidiu estudar interpretação e trabalhar fora do país. "Todas as experiências que vivi são parte integral da minha vida e do que eu sou hoje. E para fazer os trabalhos que fiz, deixei de fazer alguns outros. São escolhas", diz.

Marmo hoje trabalha como apresentador do Planeta Brasil, programa de variedades bastante parecido com o Estrelas, de Angélica. Na atração da Globo Internacional, ele entrevista brasileiros famosos que estão de passagem pelo Estados Unidos país e anônimos que tentam ganhar a vida por lá. "O Planeta Brasil é um dos dois programas da Globo que são produzidos nos Estados Unidos e é voltado para entretenimento, com foco nos brasileiros que vivem aqui. O programa também apresenta histórias de estrangeiros que são apaixonados pelo Brasil, que conhecem nossa cultura e falam português bem", diz . Confira a entrevista:

Notícias da TV - Quais motivos o levaram a trocar o Brasil pelos EUA?
Erik Marmo - Não acho que a pergunta correta seria sobre trocar um país pelo outro. Não posso afirmar que troquei o Brasil pelos EUA. Mas respondendo ao porquê de vir morar aqui, posso dizer que sempre tive vontade de morar nos Estados Unidos. Meu pai morou em Nova York em 1969 por um ano e eu sempre carreguei essa influência. Ele trabalhava em aviação (agora está aposentado) e por conta disso viajei bastante para os Estados Unidos desde criança pois a maioria das companhias aéreas para as quais ele trabalhou eram/são americanas.

DIVULGAÇÃO/GLOBO

Erik Marmo caracterizado como Sócrates, de Malhação (2000), seu primeiro trabalho na Globo

Como surgiu o trabalho como repórter da Globo Internacional?
Casualmente conheci a Natalia Bruscky, que era apresentadora do programa e estava de saída, e ela me indicou para ocupar o seu lugar. Fiz uma matéria teste, a Globo aprovou e fui contratado. 

Que tipos de matérias você produz?
O Planeta Brasil é um dos dois programas da Globo que são produzidos nos Estados Unidos (o outro é o Globo Notícia Américas, que é jornalístico) e é voltado para entretenimento, com foco nos brasileiros que vivem aqui. O programa também apresenta histórias de estrangeiros que são apaixonados pelo Brasil, que conhecem nossa cultura e falam português bem, e de celebridades brasileiras que estejam de passagem pelo país.

No caso dos estrangeiros, temos um quadro que se chama Alma Brasileira, que mostra o motivo que conecta o entrevistado com o Brasil. Os outros quadros que já gravei são o Minha Boa, quando o entrevistado nos leva para mostrar o seu programa predileto, seja um passeio, hobby, etc.; o Cheiro de Casa, quando o entrevistado prepara um prato; o Perfil, que faz um perfil do entrevistado; e o Vida Real, quando o entrevistado é alguém já conhecido do público, como o Tom Cavalcante, por exemplo.

Quando faz as reportagens, os brasileiros te reconhecem? Como é a abordagem?
Alguns reconhecem e pedem pra tirar fotos comigo. A abordagem é sempre carinhosa.

Você é jornalista?
Estudei Comunicação Social na Universidade Federal Fluminense com habilitação em Publicidade e Propaganda, mas minha carreira como ator começou a dar certo na mesma época e por isso não consegui conciliar a faculdade com a profissão de ator.

divulgação/globo

Erik Marmo em gravação de matéria no Havaí com o bodyboarder Guilherme Tâmega

Qual foi a reportagem que mais lhe empolgou até agora? Por quê?
Todas que fiz no Havaí, em especial a com o Guilherme Tâmega, pois eu sou bodyboarder desde os 11 anos de idade e foi muito legal poder juntar tudo em um só lugar: estar no Havaí, conversar com o amigo e ídolo do esporte que pratico e ainda pegar ondas com ele. Tudo isso para o programa que faço. Foi especial!

Voltando ao período em que ainda estava no Brasil, gostaria de saber como você avalia os 13 anos em que atuou nas novelas da Globo? Foi prazeroso?
Foi muito prazeroso. Inesquecível! A profissão de ator nos ensina muito e como sou uma pessoa curiosa, que adora aprender, só tenho o que agradecer. Tive a honra de trabalhar com alguns dos melhores profissionais da área. Fiz seriado, minissérie, novela da tarde, novela das seis, das sete, das nove e das onze.

Tem algum trabalho que você se arrepende de ter feito ou que acha que poderia ter feito melhor?
Todas as experiências que vivi são parte integral da minha vida e do que eu sou hoje. E para fazer os trabalhos que fiz, deixei de fazer alguns outros. São escolhas. Não tenho como saber se minha vida seria melhor ou pior se tivesse feito um caminho diferente. Sou grato pela minha vida e por todas as oportunidades que me foram dadas.

O arcanjo Gabriel, de Sete Pecados, foi um personagem que repercutiu muito bem em 2007. Como foi fazer este trabalho?
Foi ótimo! Era divertido e leve trabalhar e estar nos bastidores com a Cláudia Jimenez, Giovanna Antonelli, Reynaldo Gianechini, Priscila Fantin, Malvino Salvador, Talma de Freitas, Claudia Raia...

Qual personagem ou novela mais gostou de trabalhar?
Difícil escolher um. Todos  me ensinaram lições valiosas.

Você foi uma das apostas da Globo como galã no início dos anos 2000. Ser galã ajudou ou atrapalhou a sua carreira?
Não sei. Nunca tive essa conversa com ninguém da Globo, não sei se estavam apostando em mim especificamente como galã. Também nunca me obrigaram a fazer nenhum trabalho. Sempre fui gentilmente convidado a fazer todos os personagens que vivi e aceitei com alegria.

Estevam Avellar/globo

Os atores Erik Marmo e Maitê Proença nas gravações da novela Gabriela (2012)

Quais são as dores e alegrias de ser ator?
As dores são as incertezas e a instabilidade da profissão. Me lembra o mercado de investimento em ações, que diz: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Numa profissão em que se pode trabalhar por toda a vida, anos de fracasso ou de sucesso podem não significar muito quando diluídos ao longo de toda uma carreira.

O curioso é que as dores são também responsáveis pelas alegrias. As diversas rejeições (os famosos "nãos") que nós atores sofremos, nos ajudam a manter a humildade, o foco no que realmente importa e nos mostram se temos a necessária força de vontade para seguir adiante. Quantas pessoas já tentaram e desistiram da profissão?

Fora esses ensinamentos de humildade e perseverança, tem o prazer em estudar, a parceria com o diretor, etc. Mas pra saber a verdadeira alegria de ser ator, a conexão com outros atores e com o público, só mesmo subindo num palco pra sentir. Ou trabalhando em um filme ou na televisão. Esse mistério que é fascinante e atrai tantas pessoas. 

Quem é um bom ator para você? E quem te inspira?
Al Pacino, Christian Bale, Daniel Day-Lewis, Javier Bardem, Marlon Brando, Morgan Freeman… A lista é extensa.

Houve algum papel que lhe foi recusado pelo fato de você ser bonito? Qual?
Não que eu saiba.

Como você reage às críticas ao seu trabalho?
Agradeço quando elogiado e não respondo a críticas negativas.

Você pretende voltar a fazer novelas no Brasil?
Adoraria voltar a trabalhar na televisão brasileira.

Que tipo de personagem gostaria de fazer?
Um arrogante (risos).

Depois dessa experiência como repórter, vai deixar a dramaturgia de lado e apostar nesta nova profissão?
De forma alguma. Está sendo muito bom transitar por uma nova área, mas já estudei com alguns dos melhores coaches de atores aqui em Los Angeles e pretendo voltar a atuar com mais entendimento sobre a profissão e mais forte como ator.

Estipulou alguma data para voltar a viver no Brasil?
Ainda não.


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