CAROL NOGUEIRA
REPRODUÇÃO/CNN
Carol Nogueira durante cobertura especial da CNN sobre os ataques a Israel neste domingo (8)
Carol Nogueira, âncora plantonista do CNN - Manhã deste domingo (8), admitiu ter ficado abalada com relatos de brasileiros que estavam presentes nos ataques do grupo palestino Hamas a Israel no último sábado (7). A jornalista conversava com Henry Galsky, jornalista que está em Haifa, cidade na região norte de Israel, quando relembrou os relatos que a equipe do telejornal coletou mais cedo. "É chocante", confessou.
Ela havia acabado de entrevistar Rafaela Treistman, mulher brasileira que estava na faixa de Gaza durante os primeiros bombardeios. O namorado da moça, Ranani Glazer, está desaparecido desde então. Eles foram a uma festa de música eletrônica no sul do país, realizada em uma área isolada devido ao barulho. Só que, por ser um local aberto, todos encontraram dificuldades para achar um bunker. O único das redondezas, localizado numa parada de ônibus em meio a uma estrada, ficou lotado de gente.
"A gente entrou lá, e a gente achou que tudo ia ficar bem, porque a gente já estava no bunker, e os mísseis não seriam um problema. Mas começou a entupir de gente o bunker, tinham muitas pessoas, não dava para se mexer lá no espaço em que a gente estava. Aí começaram a tacar bombas do lado, atirar, tacavam várias bombas de gás, uma seguida da outra... Várias pessoas feridas, várias pessoas mortas dentro do bunker... A gente não tinha como sair, tentando ligar para a polícia... Se defendendo, literalmente, com os corpos das pessoas que morreram com a situação...", declarou a vítima.
Ela, então, se deu conta de que não estava mais com o namorado. "Eu não sei se ele levantou, eu não sei se ele chegou a sair, eu não vi mais ele... Eu estava muito desorientada. Eu desmaiava muito por conta do gás, eu desmaiava e acordava. Eventualmente, a polícia chegou e perguntou quem estava vivo. Eu levantei a mão e tentei procurar o Ranani, mas não encontrei. A polícia nos levou para o hospital, onde a gente foi examinado, e quem não tinha feridas graves foi levado para casa, porque os hospitais estão lotados aqui."
A jovem se desculpou por passar boa parte da entrevista com os olhos fechados, pois ainda sentia ardência devido aos gases. Carol se mostrou compreensiva. Pediu desculpas pelas perguntas, mas quis saber como a moça estava se organizando na busca pelo namorado.
Ando falando bastante com a mãe dele, que está no Brasil, e o pai dele, que está em Israel. Tem um grupo de WhatsApp que criaram com os amigos dele para passar informações. De verdade, é a única coisa que eu queria saber é que ele está bem. Eu estou rezando para ele estar só em um hospital e que não tenha conseguido avisar a gente. Mas eu não lembro direito das coisas. Eu sei que uma hora ele estava lá comigo, a gente estava junto, num canto, abraçado, e numa hora ele não estava mais.
A âncora pediu desculpas por mais uma vez e levantou a última pergunta da conversa: "Qual o sentimento que fica depois de passar por esses momentos de terror e estar em busca de seu namorado?", questionou. "Eu juro que não parece que é de verdade isso. Parece muito uma coisa que as pessoas falam e não acontece. Eu estou chocada, eu estou trêmula, a única coisa... Eu acordei várias vezes durante a noite perguntando pelo Ranani. Perguntei para a minha mãe várias vezes", revelou, dizendo estar com uma "sensação de desespero".
"A agonia de querer ver ele, saber onde ele está. A agonia de ter passado por tudo isso... As dores no corpo, a angústia, a raiva, de quem poderia ter feito uma coisa dessas... É mais a angústia, o tempo todo eu pergunto pelo Ranani. E eu acho que eu vou ficar assim até encontrarem ele. Mas sempre tentando ter a cabeça positiva, que vão encontrar ele", completou.
A jornalista encerrou a entrevista, mas seguiu mostrando imagens dos ataques que estão acontecendo na cidade neste domingo. Boa parte delas foram gravadas por celulares e vêm sendo publicadas nas redes sociais. No X, antigo Twitter, circulam registros violentos, em que são mostrados de perto os ataques terrestres feitos comandados pelo Hamas.
O X, inclusive, vem sendo a principal fonte de notícias sobre os bombardeios a Israel. Relatos nas redes sociais e perfis de fofoca ocuparam o lugar que deveria ser dos canais de notícias. Para o colunista Sandro Nascimento, do Na Telinha, o ataque escancarou a fragilidade da cobertura dos principais canais desse tipo no país: a CNN e a GloboNews. Embora se proponham a informar 24 horas por dia, nenhum desses canais falou sobre o tema na madrugada.
Enquanto o território israelense era alvo de bombas, GloboNews e CNN Brasil exibiam reprises do Globo Repórter e do WW, programa comandado por William Waack, respectivamente. De acordo com o colunista, as primeiras informações do conflito foram noticiadas pelo canal do Grupo Globo às 7h01 da manhã. Já a CNN Brasil passou a fazer a cobertura a partir das 9h10.
Os outros canais de notícias seguiram horários parecidos. Band News tocou no tema às 10h25; Record News, às 9h46. A Jovem Pan perdeu apenas para a GloboNews: às 7h33, estava com imagens dos ataques no Jornal da Manhã.
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