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Biografia autorizada?

Amaury Jr. ameaça ir à Justiça contra 'mentira' em livro de sua vida

Divulgação

O apresentador Amaury Jr., que estuda processar autor de sua biografia, Bruno Meier - Divulgação

O apresentador Amaury Jr., que estuda processar autor de sua biografia, Bruno Meier

MIGUEL ARCANJO PRADO

Publicado em 9/10/2015 - 6h35

Amaury Jr. está apreensivo. Tudo porque em 13 de novembro será lançada a biografia A Vida É uma Festa, escrita pelo jornalista Bruno Meier, repórter da revista Veja. O que tira o sono do colunista social da RedeTV! é que ele não está conseguindo ler a obra antes do lançamento, embora a considere uma "biografia autorizada". O apresentador diz que não quer censurar o livro, mas já se prepara para processar o autor e a editora. “Só quero ver se tudo o que eu falei foi reproduzido com fidelidade. Se ele [autor] levantou alguma coisa que me contrarie, que me machuque ou que macule minha reputação, que seja mentira, aí eu vou para a Justiça. Espero que não seja preciso isso”, afirma o apresentador. Autor e editora dizem que estão escondendo o livro de Amaury para não colocar em risco a "credibilidade jornalística" da obra.

Amaury conta que cedeu preciosidades de seu arquivo a Meier, a quem levou a festas importantes, "inclusive ao Baile do Copa", para que conhecesse seu universo. Diz que, após "cerca de 50 encontros", ficou "amigo" do repórter. A "amizade" virou desconfiança. Amaury está assustado com o fato de tanto o jornalista quanto a editora Ediouro não atenderem a seus pedidos para ler a obra antes da noite de autógrafos na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, em São Paulo. A obra terá o selo internacional HarperCollins, que comprou parte da Ediouro.

“Quando Bruno me ligou, disse que já estava em campo, coletando dados e conversando com um monte de gente sobre mim, até em [São José do] Rio Preto ele foi”, lembra Amaury, contando que resolveu colaborar. “Fiquei um ano recebendo o Bruno. Até cedi fotos raras do meu casamento. Ficamos amigos, ele é um cara habilidoso e talentoso”, elogia. 

"Faltou cavalheirismo"

“Eu me comprometi a ir à noite de autógrafos, assinei um contrato com participação de capa muito pequena”, conta o apresentador. Amaury, no entanto, não levará suas câmeras ao evento se não conseguir conferir o conteúdo previamente. “Estou chateado de não me darem o livro para eu ler. Dei acesso a tudo da minha vida. Então, por que não me deixam ler agora? Faltou cavalheirismo do Bruno”, alfineta. 

Amaury admite que tanto a editora quanto Meier lhe disseram que não o deixam ver a obra por uma questão de credibilidade: “Estou numa situação muito difícil, não sei se tenho esse direito ou se não tenho [de ler o livro antes]. É complicado. Precisaria de um acordo de cavalheiros. Espero que seja um livro sério. Que não tenha nada que possa me chatear”.

O colunista social não pretende assinar exemplares no lançamento: “Eu não vou dar autógrafo no livro. O livro não é meu. Vou ao lançamento e ficar lá, simpaticamente. Vou lá cumprimentar o Bruno, porque, no fundo, no fundo, não acredito que ele vá me sacanear”, afirma o apresentador.

Outro lado

A Ediouro, em nota ao Notícias da TV, afirma que não está permitindo o acesso prévio de Amaury ao livro em nome do "bom jornalismo".

“Estamos certos de que apresentaremos ao público um título de grande qualidade, sobre uma personalidade que os brasileiros amam, pela alegria, pelo carisma, pela energia que transmite. Também estamos cem por cento seguros quando à qualidade da apuração dos fatos, alguns sem dúvida controversos, e da checagem. A decisão de não submeter os originais à aprovação do Amaury Jr. sustenta-se em três fatores: 1) Trata-se de um livro-reportagem sobre uma personalidade e não de uma biografia laudatória; 2) O autor tem domínio sobre o conteúdo e não o personagem enfocado no trabalho; 3) A prática é um dos fundamentos do bom jornalismo", declara Kaíke Nanne, jornalista e publisher da HarperCollins Brasil.

Autor de A Vida É uma Festa, Bruno Meier afirma que Amaury Jr. sabia que não leria o livro antes do lançamento, já que, "desde o início do projeto", ficou acordado que o modelo a ser seguido seria o "da biografia de Steve Jobs, escrita por Walter Isaacson", que não submeteu a obra ao biografado.

Meier lembra que "Isaacson foi fiel à realidade e não aliviou a descrição dos modos despóticos do criador da Apple; e, mesmo com os 40 encontros e a relação de confiança entre ambos, o autor nunca precisou entregar seus escritos para apreciação prévia e aprovação". "O livro é excelente", afirma. 

"Amaury admirava a postura de Jobs, sobretudo porque Amaury é entusiasta de um princípio inegociável da democracia: a liberdade de expressão. Também sabia que A Vida É uma Festa é, acima de tudo, um livro-reportagem e, como toda reportagem, não passa por leitura antes de ser publicada. Outra coisa: é muito difícil uma biografia que passa pela análise do biografado não acabar chapa-branca", defende o autor.

Meier ainda diz que ele e Amaury tiveram "excelente relacionamento" durante todo o processo de apuração de A Vida É uma Festa. "Não só dele, mas da mulher, Celina, de seus filhos, do genro e de toda a equipe do programa. Não tivemos distanciamento. O que acontece é que estamos na etapa final de checagem e revisão do livro", conta.

E elogia seu biografado: "Amaury construiu sua bem-sucedida carreira com base também nos relacionamentos que estabeleceu, sobretudo nos últimos 35 anos de colunismo social eletrônico. Ele é um homem de negócios, muito sedutor. Talvez, pelo bom relacionamento que tivemos, achou que pudesse estabelecer as regras".

Bruno Meier diz não temer um processo judicial: "Não temo ser processado por Amaury Jr., porque tudo o que está no livro é resultado de quase 50 encontros com ele, todos eles gravados e registrados no meu computador, e dezenas de entrevistas com funcionários, ex-funcionários, amigos, adversários e patrocinadores".


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