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ENTREVISTAS NA PANDEMIA

2020: O ano em que Pedro Bial virou a 'voz da cultura' contra Bolsonaro

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O jornalista Pedro Bial usa terno escuro e fone de ouvido durante apresentação do Conversa do Bial direto de sua casa

Pedro Bial no programa de 16 de dezembro, em que chamou o presidente do Brasil de "acéfalo"

MÁRCIA PEREIRA

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 31/12/2020 - 7h00

A temporada de 2020 do Conversa com Bial estreou somente em 18 de maio devido à pandemia, mas a atração ficou mais intimista no novo formato. Pedro Bial passou a fazer entrevistas por videoconferência, o que deixou os convidados mais à vontade, já que estavam em suas casas. Muitos foram os momentos em que o presidente Jair Bolsonaro foi duramente criticado, seja pela falta de medidas no combate à Covid-19 ou por virar as costas para a cultura no seu governo.

Quem acompanhou as edições do programa viu ecoar uma voz pela arte, com apelos insistentes de artistas para que a cultura não continue abandonada como está nos últimos anos. Desafetos do presidente também deram o que falar ao abrirem o jogo sobre ações que protagonizaram, como nas participações do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e da jornalista Patrícia Campos Mello. 

A temporada desenvolvida durante a pandemia apresentou uma boa evolução e terminou com o apresentador viralizando na internet após chamar o presidente do país de "acéfalo".

"Na pandemia desse 2020 nefasto, o Brasil se destacou. Difícil encontrar desgoverno que se compare no mundo. Desde o início, nosso desgovernante tentou negar a gravidade da crise, seguiu inventando remédios falsamente milagrosos, deu os piores exemplos --sem máscara e sem noção--, causou aglomeração e sabotou ministros da Saúde e da Educação", iniciou Bial.

"O inominado contribuiu de forma decisiva para que mais gente morresse. Agora se supera, delirante, ao desprezar a única solução: a vacina. Mas, acredite, isso ainda não é o pior. Como disse o próprio acéfalo que hoje ocupa o Palácio do Planalto, 'morrer, todo mundo vai morrer mesmo'. Pior é pra quem tem a vida pela frente", discursou o jornalista no último dia 16.

Distanciamento virou ponto positivo

Sete meses depois de mudar seu formato, a atração ganhou o Prêmio Notícias da TV na categoria de programa que melhor se reiventou na pandemia. O Conversa manteve rigor técnico e passou a utilizar o distanciamento a seu favor, ao conseguir entrevistar personalidades estrangeiras, como o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama

E até Obama deu sua alfinetada em Jair Bolsonaro. Questionado sobre o que achou das provocações do presidente brasileiro sobre o posicionamento do democrata eleito presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a Amazônia, ele reforçou o papel do país na questão ambiental: "O Brasil foi um líder no passado, seria uma pena se parasse de ser".

Barack Obama deu entrevista em novembro 

Essa foi uma das entrevistas mais formais do ano. O que se viu ao longo de 2020 foi o entrevistador trocar de papel com o entrevistado, que muitas vezes praticamente escolhia sobre o que queria falar. Essa postura ficou bem evidente na série sobre os 70 anos da televisão no Brasil, que reuniu nomes como o casal Tarcísio Meira e Glória Menezes, Tony Ramos, Laura Cardoso e Fernanda Montenegro, entre outros. 

No Conversa com Bial, Betty Faria, por exemplo, falou sobre o Fundo Setorial do Audiovisual, que tem R$ 704 milhões do ano de 2018 e mais R$ 435 milhões de 2019 disponíveis. "Essa verba não é mamata. É do cinema brasileiro que está ali, rendendo juros. O cinema tem direito à essa verba e aos juros que está rendendo, porque tudo isso está empacado", criticou a atriz em edição exibida em julho.

No mesmo mês, o apresentador conversou com a cantora Teresa Cristina, que virou a "rainha das lives" durante o isolamento social. Ela disse que as transmissões ao vivo foi a maneira que encontrou de alegrar o público. "A arte está sendo demonizada. Faz três ou quatro anos que estão dando porrada", disparou a artista a Bial.

Em outubro, a jornalista Patrícia Campos Mello, que foi caluniada e processou o presidente e outros nomes ligados ao seu clã, revelou detalhes do episódio de ódio que as declarações de Bolsonaro geraram contra ela. Tudo por causa de reportagem publicada pela Folha de S.Paulo em 2018 que denunciou o uso ilegal das redes sociais na campanha dele, com grupos que compravam pacotes de disparo de mensagens em massa pelo WhatsApp contra Fernando Hadadd (PT), o adversário do presidente no segundo turno da eleição. 

A reportagem de Patrícia contribuiu para a criação da CPMI das Fake News. A repórter foi caluniada, disseram que ela oferecera favores sexuais em troca das informações. "Se a gente não fizer nada, parece que isso é ok", disse.

Fernando Gabeira, que também participava da conversa nesse mesmo programa, reforçou que Bolsonaro ataca principalmente as mulheres. "Algumas perguntas feitas por mulheres ele responde de forma bem agressiva", comentou o jornalista e ex-deputado federal.


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