Henrique Santana
Divulgação/HBO
O ator Henrique Santana em cena como Salim, seu personagem traficante na série Pico da Neblina, da HBO
FERNANDA LOPES
Publicado em 2/8/2019 - 5h08
Atualizado em 2/8/2019 - 5h09
Henrique Santana interpreta um traficante de drogas poderoso na série Pico da Neblina, da HBO. Mas, se fosse seguir seu sonho de infância, ele estaria bem longe de todo esse universo. Antes de se dedicar integralmente à carreira de ator, o paulistano de 26 anos pensava seriamente em ser padre e chegou até a ter aulas em um seminário.
Santana só desistiu de seguir a carreira religiosa quando descobriu um "detalhe" importante sobre a batina: até a juventude, ele não sabia que padres não podem se casar nem fazer sexo. Por isso, preferiu se dedicar à atuação, que considera ser "uma forma de discutir a condição humana".
Ele fez faculdade de Artes Cênicas e participou do elenco de apoio de produções da Globo, como Carcereiros (2018) e A Dona do Pedaço. Conseguiu o papel de Salim, traficante de Pico da Neblina, de forma inusitada.
O diretor da série, Quico Meirelles, queria achar atores que conhecessem o jeito de ser e de falar de jovens da periferia de São Paulo e promoveu uma seleção online. Mais de 2.600 atores mandaram vídeos para a produtora O2 Filmes, e Henrique foi um deles. Ele agradou à equipe e ganhou um dos principais papéis da atração.
Pico da Neblina retrata uma realidade fictícia em que a maconha é legalizada no Brasil. Salim é um traficante que, apesar de ter a chance de levar uma vida honesta, decide continuar no crime. Ele tem ambição de crescer no "negócio" e quer fazer de seu primo Biriba (Luis Navarro) seu maior parceiro. Mas o parente vive afirmando que não é bandido e quer prosperar com uma loja de maconha legal.
A proximidade na série existe também na vida real. Santana e Navarro são amigos há sete anos e se conheceram em um karaokê. Eles foram até animadores de festa antes de pegarem em armas e venderem droga em Pico da Neblina.
Mas Santana afirma que construiu seu personagem para parecer bem diferente dos traficantes que o público está acostumado a ver em séries, filmes e novelas.
"Não acredito nos traficantes que são retratados normalmente em produções audiovisuais brasileiras. São pessoas sempre muito mal-encaradas, muito do mal, é muito macabra a ideia que se faz sobre essas pessoas. No Salim, eu procurei construir uma pessoa sobre quem você pense: 'Ah, isso não é um traficante'", diz.
"Traficantes são chamados assim porque elas vendem um produto ilícito, não porque são más pessoas, desumanizadas. São pessoas que encontraram naquela atividade uma forma de chegar onde queriam para ter uma vida um pouco mais digna", defende. Pico da Neblina estreia neste domingo (4) na HBO, às 21h.
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