O MECANISMO
Karima Shehata/Netflix
Selton Mello vive o policial Marco Ruffo em O Mecanismo, série sobre a Operação Lava Jato
Com dezenas de etapas e de indiciados, a Operação Lava Jato é uma novela da vida real que até os brasileiros têm dificuldade de acompanhar. Mas O Mecanismo, segunda série da Netflix produzida no Brasil, pega essa história e a transforma em uma ficção com apelo para o mundo todo. Pelo menos na opinião de Ted Sarandos, chefe de conteúdo da plataforma. "Vocês acham que corrupção é algo que só acontece no Brasil?", questionou o executivo durante evento de lançamento da produção, na quarta (14).
Para Sarandos, o fato de O Mecanismo ser baseada em acontecimentos reais, que até hoje movimentam a política, a economia e o sistema prisional brasileiro, não se torna um limitador para a série no mercado internacional.
"Acho que a autenticidade dos fatos é algo que torna a série muito global. Tem um ditado que diz: 'Se você quer contar uma história para o mundo todo, conte uma que seja sobre sua vila'", resume.
"Pegar ideias locais e torná-las globais é uma das características da Netflix, e acho que nossa parceria com produtores brasileiros funciona muito bem nesse sentido. 3% alcançou números expressivos no mundo todo, e eu não tenho dúvidas de que O Mecanismo vai seguir pelo mesmo caminho", disse Sarandos.
Na história, criada e dirigida por José Padilha (que também fez Narcos para a gigante do streaming), uma dupla de policiais federais (Selton Mello e Caroline Abras) investiga o que imagina ser um pequeno desvio de verbas, mas acaba desmantelando um esquema que envolve milhões de dólares e figuras importantes.
Personagens marcantes da Lava Jato real, como o juiz Sérgio Moro, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, não fazem parte da história, mas ganham versões com nomes fictícios que podem ser facilmente identificados por quem acompanha o noticiário _até a ex-presidente Dilma Rousseff surge na série como a presidente Janete, papel de Sura Berditchevsky.
divulgação/netflix
O chefe de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos (à esq.), com o diretor-executivo, Reed Hastings
A ideia de apostar em uma produção que trata de um tema tão polarizador e passível de uma recepção controversa por defensores desse ou daquele partido não assustou a Netflix.
"Eu confio em Padilha com a minha vida. Ele chegou até a gente com a mesma empolgação para contar essa história do que a que tinha na época de Narcos, e eu nunca duvidei do talento dele para contá-la", justifica Sarandos.
Olho no Brasil
Um dos mercados mais visados pela Netflix, o Brasil está no calendário da plataforma pelos próximos meses. Além de O Mecanismo, já estão prontas a segunda temporada de 3% e a primeira da comédia Samantha!. Já o drama Coisa Mais Linda, que se passará no auge da bossa nova, está em desenvolvimento, e outros projetos estão sendo estudados.
"O Brasil é um mercado crescente, e há uma afinidade grande com a marca. Os brasileiros amam a Netflix tanto quanto nós amamos o Brasil. É por isso que estamos investindo tanto em programação brasileira. Vocês têm histórias lindas e nós podemos ser a plataforma para contá-las", elogia o executivo.
A primeira temporada de O Mecanismo tem oito episódios que serão disponibilizados na Netflix no dia 23. Além de Selton Mello e Caroline Abras, atuam na série nomes como Enrique Diaz (Felizes Para Sempre?), Lee Taylor (Velho Chico), Jonathan Haagensen (Cidade de Deus), Osvaldo Mil (A Regra do Jogo) e Susana Ribeiro (Liberdade, Liberdade).
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