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Nova série mostra juventude sedenta por sexo e confusa na era dos apps

Divulgação/HBO

Rapaz entrevistado pela série documental Outros Tempos Jovens, que estreia no canal Max na quinta (24) - Divulgação/HBO

Rapaz entrevistado pela série documental Outros Tempos Jovens, que estreia no canal Max na quinta (24)

FERNANDA LOPES

Publicado em 24/5/2018 - 5h07

Estreia nesta quinta (24), no canal Max, Outros Tempos Jovens, série documental que se propõe a ser um espelho da atual juventude brasileira. Em oito episódios, a atração explora temas relevantes para a população de 15 a 29 anos, de casamento aberto a suicídio. Logo no capítulo de estreia, cinco jovens falam abertamente sobre o prazer e a solidão de suas vidas sexuais e de atividades em aplicativos de relacionamento.

Cada episódio de Outros Tempos Jovens traz entrevistas com personagens reais que se encaixam em determinados temas. Eles foram escolhidos com base em pesquisas nas redes sociais e pré-entrevistas da produção, com pautas que chegavam a até 300 perguntas.

No primeiro capítulo, o tema é digital dating, ou seja, as transformações provocadas nas vidas amorosas e sexuais dos jovens com o uso de aplicativos de relacionamento como Tinder, Happn e Hornet.

Cinco jovens dão seus depoimentos, e a princípio todos se mostram à vontade com a facilidade de achar parceiros. "É tipo açougue, você escolhe o que é mais comível. É tipo aplicativo de entrega de comida, apertou, chamou, chegou", diz uma garota.

Mas, após revelarem seus hábitos, desejos e preferências sexuais, eles deixam transparecer uma grande confusão sobre seus sentimentos e o que querem da vida e dos relacionamentos. Revelam que, no fundo, são extremamente solitários.

"Essa solidão foi uma surpresa. A gente acha que ainda nem se deu conta de como os aplicativos já estão mudando radicalmente a maneira como a gente se relaciona com amor e sexo. Pensamos que seria um episódio sexy, e a primeira camada realmente é isso, todo mundo está transando pra cacete, uhul. Mas, conforme foi aprofundando, começou a ficar meio pesado o episódio. E a gente achou bom, é o que é", explica o produtor Giuliano Cedroni.

Estrear a série com a temática de amor e sexo na era dos aplicativos foi uma escolha para deixar claro desde o início as principais novidades e transformações presentes em grande parte da juventude. Os episódios seguintes são sobre a atual onda de feminismo, a formação da identidade, as visões sobre sucesso profissional e até as novas configurações de casamento.

No capítulo sobre identidade, há participação de jovens com orientações sexuais e de gênero bastante variadas. O protagonista é Liniker, cantor andrógino que se define como não-binário, ou seja, que não se identifica como homem nem como mulher.

"Foi uma premissa nossa ter diversidade, [a série] tem todos os tipos de jovens que você possa imaginar. Fala desse momento de multiplicação das personalidades", comenta o produtor. "A gente acredita que abordar esse tipo de tema em não ficção traz relevância. É também uma oportunidade de começar a falar de determinados assuntos que às vezes são delicados", diz Paula Belchior, produtora da HBO.

divulgação/hbo

O cantor Liniker, protagonista do episódio sobre identidade jovem, durante gravação da série

O tema mais delicado de todos foi o suicídio. O episódio sobre o assunto foi o último a ser gravado, e a HBO achou válido encarar esse tabu pelo fato de ser a quarta maior causa de morte entre jovens no Brasil, segundo o SIM (Sistema de Informação Sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde.

A produção contou, durante todo o processo, com o auxílio de uma psicóloga, que proibia jovens muito frágeis de continuarem a falar em frente às câmeras. Ainda assim, não há entrevistas com especialistas. Todos os episódios mostram as situações completamente do ponto de vista dos jovens.

"O episódio de suicídio foi o mais ousado, mas necessário. É muito importante falar disso, ninguém está falando [sobre suicídio na TV] com profundidade no Brasil. A juventude foi esticada ao longo dos séculos, e a gente procurou temáticas relevantes, não queria falar mais do mesmo. Fomos atrás das coisas que ainda não foram feitas sobre o jovem brasileiro", conclui Cedroni.

Outros Tempos Jovens irá ao ar todas as quintas-feiras, às 23h.

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