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Análise

Máquina de fazer dinheiro, Big Bang continuará mesmo com trama esgotada

Divulgação/CBS

Os atores Simon Helberg e Melissa Rauch na atual 10ª temporada de The Big Bang Theory - Divulgação/CBS

Os atores Simon Helberg e Melissa Rauch na atual 10ª temporada de The Big Bang Theory

JOÃO DA PAZ

Publicado em 16/2/2017 - 6h04

Como esperado, a rede CBS e a Warner Bros. Television entraram em acordo com o elenco de The Big Bang Theory para fazer as duas temporadas finais da série. No total, serão 12 anos da comédia nerd, que já se esgotou, não tem muito terreno para percorrer em novos 48 episódios. A decisão de continuar com a série é puramente financeira, pois Big Bang é sinônimo de dinheiro, muito dinheiro.

Somente com as reprises em redes locais e canais da TV paga, a produção gerou US$ 1 bilhão (R$ 3 bilhões) para a Warner Bros. Television. A série é o programa mais visto da TV norte-americana. Somando a audiência ao vivo com o público que assiste até sete dias após a exibição original, tem em média 20,1 milhões de telespectadores, à frente dos 19,75 milhões que a NBC atraiu com os jogos da NFL (liga profissional de futebol americano) no domingo à noite. Tantos milhões de telespectadores atraem milhões de dólares em propaganda.

Embora esteja na décima temporada, Big Bang ainda não tem acordo com nenhuma plataforma de vídeo por streaming. Hulu, Amazon e Netflix são potenciais compradores do pacote Big Bang, o que trará ainda mais dinheiro para a Warner. Como comparação, cada episódio de Seinfeld (180 no total) custou US$ 675 mil (R$ 2 milhões) para a Hulu, e a Netflix pagou US$ 500 mil (R$ 1,5 milhão) por capítulo de Friends (236 no total).

Cada novo episódio de Big Bang custará US$ 10 milhões (R$ 30 milhões) para ser produzido. Ou seja, o mesmo gasto pela HBO com Game of Thrones. O que chama a atenção é que a comédia é feita somente em estúdio e tem cerca de 20 minutos de cena, enquanto o drama é filmado em vários países europeus, com muitas externas, inúmeros figurantes e tem quase o triplo da duração.

Esse valor bem alto se deve ao aumento no salário de dois atores. Simon Helberg, o Howard, e Kunal Nayyar, o Raj, ganharão o mesmo que o trio de protagonistas Jim Parsons, Johnny Galecki e Kaley Cuoco receberam nas últimas três temporadas: US$ 1 milhão (R$ 3 milhões) por episódio.

divulgação/cbs

Os astros de Big Bang: Kunal Nayyar (à esq.), Johnny Galecki, Simon Helberg e Jim Parsons

Para não repetir o mesmo erro
Criador de Big Bang, Chuck Lorre terá outra série com 12 temporadas. Também dele, a comédia Two and a Half Men (2003-2015) perdeu a identidade nas derradeiras temporadas, sem o "homem do meio" e com uma personagem lésbica bancando a machona. O público fugiu, e a produção só retomou o apelo quando foi criado um romance gay entre os protagonistas e a adoção de uma criança. Assim, a série terminou, de fato, com dois homens e meio, título que ganhou aqui no Brasil.

Ao longo de dez anos, Big Bang já contou todas as histórias relevantes de seus protagonistas, construídas em mais de 200 episódios. O telespectador testemunhou dois casamentos, uma gravidez, viu Sheldon (Parsons) perder a virgindade e até o então tímido Raj se dar bem com as mulheres.

Lorre e sua equipe assumem o desafio de criar um bom final para a comédia nerd e não fazer com que a CBS e a Warner se arrependam de ter feito a aposta caríssima de renovar a série.


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