Dublador de Bob Esponja no Brasil revela a pior parte de fazer o personagem

Bob Esponja completa 25 anos no ar em 2024 e, desde a chegada da animação no Brasil, Wendel Bezerra é o responsável pela voz do personagem. O dublador, apesar de grato pela oportunidade de "mergulhar" na Fenda do Biquíni, admite que a tarefa não é fácil. Inclusive, a famosa risada dá dores de cabeça para seu intérprete. "É algo que exige bastante de mim", confessa.

"E olha que melhorou um pouco, porque no começo eu fazia na raça. Aí, depois de um tempo, eu vi um vídeo do Tom Kenny [voz de Bob Esponja nos Estados Unidos] no YouTube em que ele batia os dedos na garganta para dar aquela tremidinha, para ficar mais fácil. Falei: 'Filho da mãe, eu nunca tinha pensado nisso' (risos)", lembra Bezerra em conversa com o Notícias da TV.

O ator conta que, recentemente, gravou um episódio em que Bob tem uma crise de gargalhadas. "E ele passa o capítulo inteiro rindo que nem um louco. Quando vi aquilo, pensei: 'Não acredito, não é possível!' (risos). Aí, pedi para dividir em partes, não daria para fazer tudo em uma gravação só. Porque você começa a perder a voz mesmo, sabe?", ressalta.

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Não é apenas a risada de Bob Esponja que acaba com Wendel Bezerra. A voz do personagem exige mais do seu intérprete. Tanto que, de maneira geral, as sessões do dublador como o amigo de Patrick e Sandy não passam de uma hora e meia --para os outros papéis, ele fica até quatro horas no estúdio. "Tem que colocar muita energia, soltar mais a voz, aí vai desgastando mesmo."

Todo o esforço, porém, vale a pena. Tanto que ele comemora até hoje o fato de ter sido escolhido como a voz do protagonista --já que, oficialmente, sequer foi convidado para o papel. "Eu, por acaso, passei em frente à sala onde estavam escolhendo as vozes e pedi: 'Pô, deixa eu fazer um teste, me coloca aí'. Fiz, acabei sendo escolhido, e hoje é um motivo de grande felicidade", valoriza.

Passar 25 anos no mesmo personagem é um feito cada vez mais raro para um dublador --muitas vezes, os programas mudam de estúdio no Brasil e, com isso, todo o elenco é trocado. Contudo, Wendel segue firme e forte como o chapeiro submarino. E sente os efeitos desse tempo todo na própria vida:

Quando eu comecei a dublar, nem tinha filhos. Mas, coincidentemente, ontem cheguei em casa à noite, e meus filhos estavam assistindo ao Bob Esponja. Uma temporada bem antiga, acho que a primeira ou a segunda... E eu fiquei ali, curtindo com eles. É uma felicidade, uma honra e uma bênção.

Ele admite, inclusive, que não tem muitas recordações do que faz no estúdio de gravação; por isso, assiste aos desenhos como um espectador comum, em vez de como a voz do personagem. "Quando vou trabalhar, eu decoro aquelas falas, gravo e já deleto da cabeça. Senão, meu cérebro explode, né? (risos). Eu não me lembro de jeito nenhum da maioria dos episódios!"

Wendel Bezerra ainda revela uma curiosidade sobre a grandeza de Bob Esponja para sua carreira: o herói amarelo conseguiu igualar o Goku, da franquia Dragon Ball, no reconhecimento do público. "Antigamente, era muito Goku, Goku... Hoje, é mais dividido. As pessoas me param bastante para falar sobre o Bob Esponja. E são personagens totalmente diferentes, eu adoro!"

"Eu descobri recentemente que apenas 1% da população brasileira não conhece Bob Esponja. E tenho certeza de que essa porcentagem é muito maior com relação a Dragon Ball, a One Piece. Então, o Bob Esponja é realmente um sucesso inquestionável", conclui o dublador.