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Há 25 anos

Com 'festival de bumbum', Nova York Contra o Crime desafiou a caretice

Imagens: Reprodução/ABC

Charlotte Ross fez a cena mais polêmica de Nova York Contra o Crime: flagrada nua por um garoto - Imagens: Reprodução/ABC

Charlotte Ross fez a cena mais polêmica de Nova York Contra o Crime: flagrada nua por um garoto

JOÃO DA PAZ

Publicado em 20/9/2018 - 5h58

Um dos dramas mais importantes da história da TV norte-americana, Nova York Contra o Crime completa 25 anos nesta sexta (21). A série policial desafiou o conservadorismo no fim do século passado e quebrou barreiras ao exibir sexo e nudez em pleno horário nobre. As cenas eróticas iam de bumbum no chuveiro a transa no escuro.

O produtor visionário foi Steven Bochco, que morreu em abril, aos 74 anos, vítima de câncer. Bochco fez escola por ter uma característica própria: apimentar com um conteúdo bem adulto (violência, palavrão e erotismo) as clássicas tramas serializadas.

Nova York Contra o Crime acompanhava a rotina de um distrito policial em Manhattan. Os personagens bebiam no trabalho, viviam estressados e, de vez em quando, se envolviam em atividades ilícitas.

Com NYPD Blue, nome da série nos Estados Unidos, Bochco teve de enfrentar a sociedade reacionária de meados dos anos 1990, desde o começo: 57 afiliadas da rede ABC se recusaram a exibir o primeiro episódio. O produtor fazia reuniões com Bob Iger, então chefe de entretenimento da ABC e atual diretor-executivo da Disney, nas quais eles desenhavam em um papel quais partes do corpo dos personagens poderiam ir ao ar.

Para não cruzar o limite do erotismo e abraçar a vulgaridade, Bochco tinha o cuidado de mostrar as cenas de nu sempre escondendo as genitálias, seja com toalhas, lençóis ou usando a iluminação do set de filmagem. Mas as sequências eram tão quentes que, atualmente, podem ser encontradas em sites pornográficos.

Essencialmente, Nova York Contra o Crime era um festival de bumbuns. "Praticamente toda semana eles filmavam meu traseiro", falou Dennis Franz, que interpretou o detetive Andy Sipowicz, em entrevista para o site da revista Variety. O ator contou que era abordado com frequência por fãs, interessados em saber quando poderiam ver o bumbum dele de novo na TV.

Acima do peso, Franz nunca se importou em ficar em forma para fazer os nus na série. "Eu sou assim e isso é o que eles [público] vão ver", pensava ele na época.

Cenas de nudez da série Nova York Contra o Crime com Charlotte Ross e Mark-Paul Gosselaar

Já as mulheres mostravam mais do que o bumbum. Os telespectadores viam silhuetas dos seios e, às vezes, eles eram mostrados de lado. Mas nada de mamilos, que eram disfarçados para não aparecerem em destaque. "Uma vez, enquanto cobriam meus mamilos com maquiagem tom de pele, eu iniciei um debate", lembrou Amy Brenneman, a policial Janice Licalsi, também para a Variety.

"Eu perguntei [para a equipe de produção]: 'Por que estão fazendo isso?'. Daí me disseram: 'Bem, não podemos mostrar os mamilos'. Eu devolvi: 'Sim, mas as pessoas têm mamilos. Elas vão me ver sem eles, como se e eu fosse uma esquisita'", relatou.

Entre tantas cenas de nudez, a mais controversa ocorreu na décima temporada, em 2003. A detetive Connie McDowell, interpretada por Charlotte Ross, foi flagrada pelada, antes de entrar no chuveiro, por um garoto de oito anos. Bumbum e seios (de lado e sem mamilos, claro) da atriz foram mostrados.

A FCC, agência norte-americana que regula a mídia, processou a rede ABC e suas afiliadas por exibir o polêmico episódio às 21h em algumas cidades. Cinco anos após o término de uma investigação, a ABC foi multada em US$ 1,4 milhão. A rede apelou, e o processo foi arquivado em 2011.

Hoje, seria diferente
Embora um quarto de século tenha se passado desde a estreia de Nova York Contra o Crime, o conservadorismo na sociedade mais aumentou do que diminuiu. Em 2014, Steven Bochco revelou que sua série não iria ao ar nos tempos de hoje na TV aberta. "A atração era uma anomalia", disse em entrevista para o site IndieWire.

Ele revelou que a ABC assumiu muitos riscos ao apostar em sua criação. "Ela foi massacrada nos primeiros anos", contou o produtor. "Não apenas pelo lado financeiro. A mídia desceu o cacete e os grupos religiosos protestavam. A intenção [da ABC] não era vender controvérsia, porque isso não atraía anunciantes".

Exibida no Brasil na Globo (depois do Fantástico) e na Record (às 20h45), Nova York Contra o Crime durou 12 temporadas. Conquistou ao todo 20 Emmys, um a mais do que Breaking Bad (2008-2013), que é considerada por muitos a melhor série de todos os tempos. Entre as duas dezenas de estatuetas ganhas, quatro foram para o ator Dennis Franz. A série levou um único prêmio de melhor drama, em 1995. 


Assista no canal do Notícias da TV no YouTube o vídeo: Cinco séries policiais com mulheres dentro e fora da lei.

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