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ESTREIA AMANHÃ

Com falso louco, Legion foge do padrão das séries de heróis

Imagens: Divulgação/FX

O ator inglês Dan Stevens interpreta David Haller na série Legion: loucura colocada à prova - Imagens: Divulgação/FX

O ator inglês Dan Stevens interpreta David Haller na série Legion: loucura colocada à prova

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 8/2/2017 - 5h10

Série sobre um mutante que pensa que é louco, mas que na verdade tem superpoderes, Legion é a principal aposta do canal FX para este ano e não deve desapontar os telespectadores _e não apenas os fãs de heróis. Apesar de baseada nos quadrinhos dos X-Men, evita seguir os passos de outras produções do gênero, como Arrow, Demolidor e Gotham.

As diferenças começam pelo protagonista: David Haller (Dan Stevens, de Downton Abbey) não é um personagem tão conhecido como Batman ou Arqueiro Verde. Secundário nas histórias do X-Men, é mais lembrado como o filho do Professor Xavier, líder da equipe de mutantes.

Na série, qu estreia nesta quinta, às 22h30, o parentesco mutante de David é até ocultado para que ele possa construir sua própria história _a única familiar com quem ele tem contato é a irmã Amy (Katie Aselton), que sequer aparece nos quadrinhos.

Diagnosticado com esquizofrenia, David começa a série internado em um hospital psiquiátrico, onde sua única amiga é a otimista Lenny (Aubrey Plaza, de Parks and Recreation). Mas sua vida começa a mudar quando ele conhece Syd Barrett (Rachel Keller, de Fargo), a nova paciente do local, que questiona se a loucura de David é realmente um problema mental.

A pergunta ecoa na cabeça de David, juntamente com as vozes que o atormentam, e faz com que ele passe a questionar até que ponto seus delírios são fruto de sua suposta loucura ou se teriam outros motivos. O mutante ainda vai descobrir que tem poderes telepáticos e telecinéticos _é capaz de ouvir pensamentos e mover objetos com a mente, respectivamente.

Personagens de Dan Stevens e Rachel Keller vivem romance em que contato físico é proibido

O protagonista percebe que está sendo perseguido por militares com más intenções e precisa da ajuda de Syd e de Lenny para escapar do hospital e conseguir a liberdade _ou o máximo de liberdade que sua condição mental permite. 

Busca pelo diferencial
O fato de Legion não seguir o padrão de outras séries de super-heróis foi um dos motivos que atraiu o elenco para o projeto. "Eu me perguntava: 'Por que contar mais uma história nesse universo da Marvel, o que ela pode ter de especial?'. E o que eu li no roteiro era sobre autodescoberta, como construir um relacionamento e se apaixonar. Decidi que estava interessada em participar disso", conta Rachel Keller em entrevista realizada pela produção da série.

A atriz também valoriza o fato de Legion não ser tão ligada ao mundo mostrado nos quadrinhos e nos filmes dos X-Men. "Isso nos deixa livres para colocar novos personagens habitando o mundo de David, como eles influenciam na jornada dele. Ele tem relações muito bonitas", elogia.

Stevens e Rachel vivem uma situação curiosa em Legion, já que seus personagens se gostam, mas não podem ter nenhum tipo de contato físico _a habilidade mutante de Syd faz com que ela troque de corpo com qualquer pessoa que a toque. "Precisamos criar uma química diferente, já que não ficamos nos beijando e nos apalpando o tempo todo (risos)", diz Stevens _também em entrevista da produção.

Quem estava acostumado com o ator na pele do nobre Matthew de Downton Abbey (2010-2015) vai se surpreender ao vê-lo como David. Além de a história não se passar no início do século, Dan surge em Legion com senso de humor e mais magro. "Eu não perdi peso para a série, mas imagino que estava mais gordo quando fazia Downton, pois morava na Inglaterra e ainda bebia cerveja (risos). Só pode ser isso", diverte-se.

Rachel Keller interpreta Syd Barrett, mesmo nome do guitarrista original da banda Pink Floyd

Atenção total
Legion não é uma série simples e exige a atenção completa do público. Flashbacks se repetem várias vezes, mas sempre com um diferencial marcante. Realidade e delírio se misturam a todo momento, com direito a um número de dança que acontece aparentemente sem motivo no meio do hospício. Nem todas as coisas (ou pessoas) são o que parecem ser.

Ao fim do primeiro episódio, quando as coisas começam a se encaixar, você vai ter a vontade de assistir a tudo novamente para entender, de fato, o que está acontecendo. E esse é um dos maiores méritos da série, que não apela para o óbvio ou para um entendimento fácil.


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