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Sharp Objects

Com automutilação, HBO explora tragédias adolescentes em novo drama

Divulgação/HBO

Amy Adams na minissérie Sharp Objects, que traz desaparecimento de uma menina e morte de outra - Divulgação/HBO

Amy Adams na minissérie Sharp Objects, que traz desaparecimento de uma menina e morte de outra

JOÃO DA PAZ

Publicado em 8/7/2018 - 6h07

Os dramas da vida adolescente fazem sucesso na TV, em séries como 13 Reasons Why e Riverdale. A HBO pega carona nessa onda e mistura tragédias do universo teen com uma trama adulta em Sharp Objects, minissérie com oito episódios que estreia neste domingo (8), às 22h. A produção é estrelada por Amy Adams, cinco vezes indicada ao Oscar.

Baseada no livro Objetos Cortantes, da autora Gillian Flynn, a obra acompanha o trabalho da jornalista Camille Preaker (Amy), encarregada de escrever sobre a morte de uma garota pré-adolescente e o desaparecimento de outra. Ao mergulhar na investigação, ela irá relembrar momentos aterrorizantes do próprio passado.

Sharp Objects tem uma aura gótica, escura. A história é contada sobre o prisma da jornalista (Amy está em praticamente todas as cenas da minissérie) e, conforme a trama avança, o telespectador consegue compreender por que a personagem se identifica tanto com aquelas garotas. A protagonista entende o que elas sofreram.

Camille é uma jornalista que trabalha em St. Louis, no Estado de Missouri. Seu chefe lhe dá a tarefa de cobrir o caso não apenas para ter uma grande reportagem, mas também para fazê-la superar barreiras. Afinal, ela precisar voltar à pequena cidade onde nasceu, que tem apenas 2 mil habitantes e não rende boas memórias.

O foco completo na personagem de Amy é, ao mesmo tempo, bom e prejudicial. Entrar na rotina dela e experimentar como é conviver com o desejo de mutilar o próprio corpo com lâminas e afogar a tristeza na bebida (garrafinhas de vodca são suas companheiras inseparáveis) criam uma simpatia pela jornalista problemática, mas também pena. E dão a certeza de que a atuação de Amy é digna de Emmy.

Por outro lado, a trama focada em uma única pessoa fica arrastada e densa. São muitos os momentos de longos minutos de silêncio absoluto, sem nenhum diálogo. Não há dinâmica e tudo parece ser arrastado demais. O livro que deu origem à produção de oito capítulos tem 250 páginas. Para efeito de comparação, Big Little Lies (da mesma HBO) condensou 460 páginas de história em sete episódios.

Cinema ou TV?
Gillian Flynn publicou Objetos Cortantes, seu primeiro livro, em 2006. Ela também é autora de Garota Exemplar, que virou filme em 2014, protagonizado por Ben Affleck e Rosamund Pike. Originalmente, Objetos Cortantes seria adaptado para o cinema.

Em 2008, a cineasta Andrea Arnold pretendia transformar a história de Camille Preaker em um longa. Mas ela desistiu do projeto, que foi parar nas mãos do produtor Jason Blum, de Corra! (2017). Ele foi convencido por Marti Noxon, cocriadora de UnReal, de que a história seria melhor explorada na TV.

"A beleza do livro é a protagonista", explicou Blum durante entrevista no ATX Festival, no mês passado. "Não conseguiríamos colocar a história dela em um filme, porque não daria para destrinchar tudo em 120 minutos. Há um formato [minissérie] no qual é possível transformar um bom livro em uma ótima experiência televisiva", justificou.

A produtora eOne entrou na parada e o presidente global da divisão de televisão da empresa, Pancho Mansfield, ecoou o pensamento de Blum, usando Amy Adams como exemplo. "Achamos o roteiro muito bom, com uma excelente protagonista. Havia a possibilidade de entregar esse papel a uma grande estrela [hollywoodiana], especialmente nessa época na qual o público se acostumou a ver estrelas [do cinema] aparecendo na televisão", disse o executivo.

Todos os episódios de Sharp Objects têm direção de Jean-Marc Vallée, vencedor do Emmy por Big Little Lies.

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