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LÍDER DO PT

Caso Celso Daniel: Por que Lula não fala no documentário do Globoplay?

REPRODUÇÃO/GLOBOPLAY

Foto antiga de Luiz Inácio Lula da Silva e Celso Daniel em imagem de arquivo em preto e branco; eles olham sérios para o lado

Luiz Inácio Lula da Silva e Celso Daniel em imagem de arquivo; antigos colegas de partido

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 28/1/2022 - 6h35

O Globoplay lançou o documentário O Caso Celso Daniel na quinta-feira (26) e, logo no final do primeiro episódio, o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva integra uma lista de pessoas ligadas à história do prefeito de Santo André (SP) que não deram entrevista à produção. Apesar de não falar diretamente na obra, o líder do PT aparece em imagens de arquivo. Sua ausência teria se dado por um conflito de agenda, segundo os produtores.

Prefeito da cidade do ABC Paulista em três mandatos, Celso Augusto Daniel (1951-2002) era do PT (Partido dos Trabalhadores), considerado um ótimo gestor pela população de Santo André, além de um colega respeitado dentro do partido e uma das figuras mais promissoras no cenário político brasileiro devido à sua articulação e inteligência.

Daniel foi sequestrado na noite de 18 de janeiro de 2002 após ter jantado em um restaurante no centro da cidade de São Paulo com o empresário Sérgio Gomes da Silva (1954-2016), seu amigo e segurança pessoal --interpretado pelo ator Tuca Andrada em simulações dramáticas da série.

O prefeito foi encontrado dois dias após o sequestro, em 20 de janeiro de 2002, em uma estrada rural de Juquitiba, na região metropolitana de São Paulo e com várias marcas de tiros.

No primeiro capítulo da série documental, Gilberto Carvalho, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, conta como o antigo colega tinha um futuro promissor tanto dentro do PT como no cenário político brasileiro. Ele era cotado para assumir um cargo de ministro no mandato presidencial de Lula, que venceria as eleições em outubro de 2002.

"As pessoas abaixo listadas foram procuradas e optaram por não fornecer informações nem ter envolvimento com esta série audiovisual. Outras pessoas colaboraram com a série e optaram por não gravar entrevista. Cumprindo a boa prática jornalística, seus nomes não foram citados", diz o aviso no final de todos os oito capítulos da série.

O nome de Lula está no meio de outras figuras públicas populares, como Antonio Palocci, ex-ministro da Casa Civil do Brasil, e a delegada Elizabeth Sato. A ausência de uma entrevista com o político não é explicada além disso. O Notícias da TV questionou os produtores da série a respeito do assunto, e eles explicaram que a ausência foi motivada por divergências no calendário.

Produzido na pandemia, o documentário não conseguiu tempo para ter uma conversa com o ex-presidente, que era muito próximo de Celso Daniel e que aparece na obra em imagens de arquivo cobrando as autoridades governamentais sobre a investigação do caso. 

"Eu acho que a gente teve uma infelicidade que mistura pandemia com ano pré-eleitoral, nessa bagunça de pré-candidatos, e agenda. Porque, no momento que de fato a gente poderia gravar, ele estava em turnê na Europa. O Lula entra na lista dos que não colaboraram porque de fato a colaboração dele está nas imagens de arquivo", explica a produtora Joana Henning. 

A participação do Zé Dirceu, da Miriam Belchior [ex-mulher de Celso Daniel] e do Gilberto Carvalho vem avalizada por ele [Lula]. Então, a gente fez as primeiras entrevistas com os representantes do Partido dos Trabalhadores e depois a gente usou essa boa relação e essa boa conexão de todas as entrevistas para que essas propostas trouxessem o Lula, mas a agenda infelizmente não deu certo. 

"A gente filmou em um ano pandêmico. Além de um cuidado extremo com as prevenções, a gente teve muitos adiamentos de agenda, atrasos, é um planejamento que tem que correr de acordo com a segurança na pandemia. Então, infelizmente, a gente teve que lidar com essas situações todas", justifica a CEO do Estúdio Escarlate.

Perseguição política?

Questionada sobre um possível medo de gravar o documentário de uma história marcada como lenda urbana do Brasil, já que até hoje a família de Celso Daniel acredita que seu sequestro e sua morte foram um crime político e sete pessoas ligadas ao caso morreram em circunstâncias "misteriosas", Joana e o diretor Marcos Jorge veem que fazer o projeto foi mais tranquilo do que era esperado. 

"É curioso porque na primeira vez que eu fui a Santo André, tive um medinho porque todo mundo me falava que eu estava doida, [diziam] coisas como: 'Como você vai falar sobre isso? Que tema absurdo! Olha, reforça a segurança, cadê o carro blindado?'. Era o que eu mais escutava ao redor", lembra ela.

"Então na primeira entrevista que eu fui, compartilhei a localização do meu celular com meu irmão. Depois, percebi que não era assim. Não era por aí,  principalmente porque 20 anos se passaram. Tudo correu muito bem ao longo desse processo", completa a produtora. 

"As mortes do caso Celso Daniel são o assunto do sexto episódio, e a gente tem um orgulho muito grande desse episódio porque, além de a gente falar de todas as mortes ligadas ao caso, também conta com os protagonistas, de como surgiu essa história. Como surgiu essa lenda", adianta Jorge.

"Depois de 20 anos, a gente pode falar muito melhor sobre essas mortes, a gente pode contar como [a lenda urbana] nasce e a gente espera que o sexto episódio seja algo bem claro e definitivo e que esclareça essa história de uma vez por todas. Mas é para quem está com o coração aberto e é capaz de ver os fatos acima das próprias opiniões", finaliza o diretor do documentário.

Segundo a produção, o processo de apuração contou com 2 mil páginas estudadas de processo judicial, dez idas ao Fórum de Santo André, 20 visitas à cidade paulista para gravação de imagens e entrevistas, 50 pessoas entrevistadas e cem horas de material bruto, além de mil testes de Covid-19 utilizados. A série estreou na quinta-feira (26), e dois episódios serão lançados a cada semana. 

Confira o teaser do documentário O Caso Celso Daniel


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