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LORE

Cansada de zumbis, produtora de Walking Dead lança terror baseado em fatos reais

Divulgação/Amazon

O ator J.T. Corbitt com o boneco amaldiçoado Robert em cena do sexto episódio de Lore - Divulgação/Amazon

O ator J.T. Corbitt com o boneco amaldiçoado Robert em cena do sexto episódio de Lore

LUCIANO GUARALDO, em Nova York

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 6/10/2017 - 5h12

Uma das responsáveis pela criação dos fenômenos The Walking Dead e Fear the Walking Dead, a produtora Gale Anne Hurd decidiu dar um tempo nos zumbis. Em Lore, sua nova série, que estreia no dia 13 na Amazon, os mortos-vivos são substituídos por histórias reais muito mais assustadoras do que os devoradores de cérebro da ficção.

"Foi bom poder passar um tempo longe dos zumbis (risos). Mas eu tenho certeza de que, se Lore tiver a sorte de ser renovada para mais temporadas, acabaremos fazendo um episódio sobre o tema", adiantou ela ao Notícias da TV na New York Comic Con, que acontece nesta semana.

Lore é baseada no podcast homônimo, no qual o criador Aaron Mahnke reconta casos reais de momentos de terror da natureza humana que influenciaram no folclore e nos causos populares. "De onde vieram os mitos dos vampiros e dos lobisomens? Eu nunca tinha visto esse contexto até ouvir Lore", conta Gale Anne.

Fascinada por histórias de terror, a produtora agarrou a ideia de transformar o podcast, gravado desde março de 2005 e com 70 programas já disponibilizados, em uma série de TV no qual cada episódio conta uma história independente.

A primeira temporada, com seis capítulos, aborda temas bem variados.

"Como estávamos embarcando em um formato novo, queríamos ter episódios que examinassem questões que todos conhecem. Então, fizemos um sobre uma das origens do mito dos vampiros, outro sobre o mito dos lobisomens, mais um sobre fantasmas que se comunicam com o outro lado. E aí misturamos com coisas inesperadas, como os tratamentos iniciais para doenças mentais. A ideia de fazer uma lobotomia com um picador de gelo... Completamente assustadora!", ressalta.

Gale Anne Hurd (à frente) com Holland Roden, Aaron Marhken e Kristin Bauer na New York Comic Con

O elenco conta com nomes como Robert Patrick (O Exterminador do Futuro 2), Holland Roden (Teen Wolf), Kristin Bauer (True Blood), Adam Goldberg (Fargo) e Colm Feore (House of Cards). Não bastassem  as cenas roteirizadas com os atores, Lore ainda conta com sequências de animação que contextualizam o mito do episódio, imagens de acervo do caso real e trechos da narração feita por Aaron Mahnke para o podcast. A mistura de técnicas trouxe alguns problemas:

"Além das diferentes formas de contar a história, quem assistir aos episódios perceberá que eles são visualmente diferentes. O segundo é todo em preto e branco, outro tem cores mais carregadas. É o oposto do que fazemos em Walking Dead, onde buscamos uma continuidade ao longo da série. Foi difícil achar o equilíbrio."

E as dificuldades não ficaram apenas na seleção das ferramentas narrativas: cada episódio de 40 minutos levou de dois a quatro dias para ser gravado, sem intervalos entre um capítulo e outro. "Como são histórias de séculos diferentes, a equipe trabalhou muito. Figurinos, objetos de cena, as construções... Acho que foi a coisa mais desafiadora que já fiz", diz Gale, que tem mais de três décadas na indústria.

Com a experiência de quem convive com zumbis há sete anos e já produziu filmes como Aliens - O Resgate (1986) e O Exterminador do Futuro 2 (1991), ela diz que o terror da ficção não chega aos pés de casos da vida real como os retratados em Lore _ou mesmo nas páginas dos jornais.

"A vida real é bem mais assustadora. A ideia de que, no século 19, uma mulher bem-sucedida estava tão à frente do seu tempo que foi considerada possuída e acabou morta é horrível. Atualmente, vemos o medo levar as pessoas a fazer coisas que não fariam normalmente. Você liga a TV ou lê o jornal e vê que não avançamos tanto do que era feito nos séculos anteriores. Precisamos estar mais cientes e pensar naquilo que deveríamos ter aprendido com os incidentes do passado", ensina.


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