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ENRIQUE DIAZ

Ator transforma Lava Jato em ficção para viver com consciência tranquila

Fotos: Karima Shehata/Netflix

Leonardo Medeiros (à esq.) e Enrique Diaz em cena de O Mecanismo: é real, porém fictício - Fotos: Karima Shehata/Netflix

Leonardo Medeiros (à esq.) e Enrique Diaz em cena de O Mecanismo: é real, porém fictício

LUCIANO GUARALDO, no Rio de Janeiro

Publicado em 17/3/2018 - 5h29

Na série O Mecanismo, Enrique Diaz interpreta Roberto Ibrahim, um doleiro cuja ligação com empreiteiras, petrolíferas e campanhas políticas desencadeia a Operação Lava Jato. Qualquer semelhança com Alberto Youssef não é mera coincidência. Mas o ator preferiu esquecer o empresário da vida real e trabalhar na produção da Netflix como se ela fosse uma obra totalmente ficcional. Assim, poderia viver com a consciência tranquila.

"Para mim, aceitar o papel foi uma preocupação muito grande, porque [a Lava Jato] é um negócio vivo. Eu me propus a pensar na série como uma dramaturgia mesmo. Há uma trama policial, com seus atrativos e estilo. E eu separei isso do real, porque quem está produzindo a narrativa de O Mecanismo são o [criador] José Padilha e a [roteirista] Elena Soarez. Eu estou fazendo só o meu trabalho", minimiza Diaz.

O ator de 50 anos, inclusive, espera que o público de O Mecanismo tenha senso crítico para questionar aquilo que é mostrado.

"Os telespectadores precisam pensar com as próprias ferramentas. Não podem encarar a narrativa como se fosse documental, precisam decidir o que fazer com as informações. Eu achei um lugar em que consegui fazer o papel sem ter que me preocupar com mais nada", explica.

Para a construção de Ibrahim, Diaz deixa claro que não se inspirou em Youssef. "O ator busca referências em vários lugares. Eu poderia inspirar o personagem em você, no meu irmão, no meu vizinho. A fidelidade a uma pessoa só [Youssef] não é um discurso que faz sentido para mim."

Sem precisar se prender ao doleiro da vida real, o intérprete conseguiu dar a Ibrahim um carisma que transforma o corrupto em uma figura quase agradável. "O texto da Elena já trazia uma certa perspicácia, uma safadeza no comportamento. E eu acho que jogar com a dubiedade e com a complexidade sempre vai ser mais interessante para mim e para o público", conta.

Ibrahim (Enrique Diaz) e Ruffo (Selton Mello) se encaram em O Mecanismo: amigos e rivais

Gato e rato
Na série, Ibrahim é ex-amigo de infância de Marco Ruffo (Selton Mello), delegado que tenta a todo custo prendê-lo. A relação dos dois é "uma mistura de Tom e Jerry com Caim e Abel", segundo definição de Diaz. "Essa dinâmica entre eles me agrada muito, porque independe do fundo político, poderia acontecer em qualquer outro contexto."

Ator bissexto na TV, ele conta que foi atraído para O Mecanismo pois, além de trabalhar com Padilha, Mello e Elena, queria testar o mercado de streaming.

"Estamos vivendo uma revolução. Você se lembra de quando a TV a cabo era novidade? (risos) Então, senti uma tentação, não da vaidade de estrear em 190 países ao mesmo tempo, mas de experimentar essa novidade", justifica.

"Quando você vê A Casa de Papel, conhece vários atores espanhóis. A mesma coisa com séries dinamarquesas, norueguesas, coreanas... É muito interessante esse intercâmbio", diz ele, que se declara fã de idiomas diferentes. "Acho curioso ouvir línguas que não entendo, observar a atuação só pelas expressões e entonações."

A primeira temporada de O Mecanismo tem oito episódios que serão disponibilizados na Netflix no dia 23. O elenco conta ainda com Caroline Abras (Avenida Brasil), Lee Taylor (Velho Chico) e Jonathan Haagensen (Cidade de Deus).

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