LUTAS CRUZADAS
REPRODUÇÃO/GLOBOPLAY
André (Vitor Thiré) em Aruanas; ator vê oportunidade de questionar o preconceito em série
Vitor Thiré não tinha a menor dúvida de que colocaria o dedo em diversas feridas ao dar continuidade à história de André na segunda temporada de Aruanas. O ativista não provoca o público apenas ao expor o desgoverno e a corrupção por trás do desastre ambiental brasileiro. Ele também se impõe como uma pessoa LGBTQIA+ em sua plenitude, em que seus afetos não são jogados para segundo plano ou suprimidos dentro da história.
Em entrevista ao Notícias da TV, o ator diz que até aqui nunca se deparou com comentários nas redes que diminuíssem a importância do trabalho, mas instiga eventuais "críticos" a conferirem o resultado:
O feedback do público até agora é o melhor possível. Todos dizendo o quanto a série é necessária, fundamental e atemporal no que diz respeito ao tema. Só elogios. Ela denuncia crimes ambientais reais e procura dialogar com seres inteligentes, cidadãos pensantes e capazes de agir em prol do nosso planeta. Espero de coração, inclusive, que haters assistam e, com isso, o deixem de ser.
André ganhou mais camadas na nova leva de episódios, que abriu espaço para ele se realizar afetivamente ao lado de Theo (Daniel de Oliveira). O romance não é apenas sugerido, mas marcado por diversas trocas de afetos --incluindo beijos.
Thiré, destaca que a repercussão das sequências foi bastante positiva, ainda que o preconceito seja uma realidade para a comunidade LGBTQIA+:
Eu acredito e vejo que cada vez mais as pessoas, em geral, estão se dando conta que o que importa é o amor, é a alegria e o afeto. Um beijo gay, numa cena espetacular, para o mundo inteiro ver, tende a normalizar a relação homoafetiva. Sonho com o dia em que isso deixará de ser destaque, notícia, e passe a ser algo comum. Como um beijo hétero.
Thiré ainda dá expediente duplo nos serviços de streaming com o filme Intervenção, que figurou entre os dez mais vistos da Netflix brasileira nas últimas semanas. Ele interpreta o bandido Fió, que não só faz parte do ciclo de violência como é uma das vítimas dele em uma comunidade no Rio de Janeiro.
Uma das sacadas da produção, que aborda a rotina de dois policiais em uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), é aproveitar a presença do ator para questionar o racismo da própria indústria --que empurra artistas negros para papéis marginalizados.
Nós, artistas, temos a função de colocar uma lente de aumento numa questão para que as pessoas vejam o quanto aquilo está errado e precisa ser corrigido. O racismo estrutural precisa ser destruído. E eu, como homem branco, preciso dizer que o racismo é um problema nosso. Nós, brancos, temos a obrigação de sermos antirracistas.
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