Crítica + Audiência
Reprodução/TV Globo
Sophie Charlotte (Duda) canta no primeiro episódio de O Rebu, nova novela das 23h da Globo
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 14/7/2014 - 20h59
Atualizado em 14/7/2014 - 23h30
[Atualizado às 14h19 de 15/7/2014 com a audiência consolidada: 24,4 pontos, contra 22,7 da prévia]
De uma novela que se dá ao luxo de deixar atrás das câmeras uma das principais estrelas da casa, Malu Mader (a atriz estreia nova função na emissora, como assistente de direção), o público pode criar grandes expectativas. A estreia desta segunda (14) da Globo, O Rebu, chega para quebrar uma monotonia latente nas produções do canal.
Com uma proposta narrativa bastante interessante (toda a ação da novela se passa em uma noite e na manhã subsequente) a releitura de George Moura e Sergio Goldenberg, com direção de José Luiz Villamarim, para o folhetim dos anos 1970, apresenta uma produção de luxo, com boa parte das cenas gravadas na Argentina, fotografia fosca, direção soturna, dando um quê de filme noir dos anos 1940, elenco prestigiado e capítulos enxutos: 36 no total. Some a isso, ainda, uma trilha sonora para lá de arrojada e figurinos deslumbrantes.
Logo na primeira sequência a direção da produção deixa a sua marca: uma câmera inquieta acompanha a efervescência da pista de dança e em seguida um corpo desfocado é visto boiando na piscina, em meio a um temporal.
O Rebu conta a história da disputa de poder entre Angela Mahler (Patrícia Pillar) e Carlos Braga Vidigal (Tony Ramos), empresários que se detestam, mas fingem cordialidade. Angela promove uma festa para comemorar a assinatura de um novo contrato milionário, mas a alegria dá lugar ao suspense quando o corpo de Bruno (Daniel de Oliveira) é encontrado na piscina de sua mansão.
A investigação para encontrar o assassino é o ponto de partida da história, construída em boa parte por flashbacks. Mas o público logo no primeiro capítulo é apresentado ao morto _o que na versão original só acontecia no meio da novela. Aí sim, vem a corrida para descobrir quem matou.
O Rebu esconde nas entrelinhas toda a sordidez que existe nas altas rodas do poder. O melhor exemplo são os personagens principais, Angela e Carlos. Tony Ramos interpretando um tipo corrupto e sem escrúpulos é de encher os olhos dos telespectadores. O ator é tão versátil que se destaca com qualquer tipo a que dá vida. Sem dúvida, vê-lo desconexo dos bons moços a que o público estava habituado é um alívio.
Patrícia Pillar, por sua vez, empresta o rosto bonito a uma mulher controladora e obstinada, que deixa insinuar uma possível inclinação homossexual. A personagem é o retrato da ascensão feminina a altos cargos, e Pillar promete repetir uma atuação marcante, como o foi a de sua Flora em A Favorita (2008).
Quanto ao restante do elenco, vale destacar a atuação vibrante de Cássia Kis Magro (Gilda), que se entregou e se jogou na personagem. José de Abreu (Bernardo), Vera Holtz (Vicky), Sophie Charlotte (Duda) e Camila Morgado (Maria Angélica) também prometem bons momentos.
Em meio a uma safra bem fraca de produções de teledramaturgia na televisão brasileira, O Rebu chega com a promessa de ser a salvação da lavoura. E que os capítulos restantes consigam manter a eletricidade do primeiro.
Audiência
O Rebu estreou com a pior audiência de uma novela das 23h: 24,4 pontos na Grande São Paulo, segundo dados consolidados do Ibope, contra 27 de Saramandaia (2013), 30 de Gabriela (2012) e 28 de O Astro (2011). No confronto, o SBT ficou em segundo com 7,8 pontos. A Record marcou 5,9 e a Band, 3,5.
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