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Análise | Teledramaturgia

Mais novela e menos bíblica, A Terra Prometida escapa da pregação

Divulgação/Record

As atrizes Juliana Silveira e Miriam Freeland em cena da novela A Terra Prometida - Divulgação/Record

As atrizes Juliana Silveira e Miriam Freeland em cena da novela A Terra Prometida

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 22/10/2016 - 6h16

A audiência correspondeu bem às sequências da queda das Muralhas de Jericó, exibidas no início desta semana em A Terra Prometida, a novela bíblica da Record. Em partes, o aumento dos índices pode ser, sim, relacionado à curiosidade que cenas de impacto geram no público, mas também é preciso reconhecer as qualidades da narrativa da trama de Renato Modesto.

Sem dúvida alguma, a primeira é que A Terra Prometida escapa de ser uma novela evangelizadora e impressiona pelo caráter folhetinesco. Não podemos esquecer que a equipe envolvida na escrita mantém uma relação mais distante com o bispado que comanda a emissora, o que proporciona maior liberdade ficcional.

Outro ponto de destaque é a ação que predomina em grande parte da história, que segue muito mais como uma saga épica, sem preocupações com a carnificina exibida nos capítulos recentes, do que como um drama bíblico, apesar de beber na fonte do Livro Sagrado.

Isso não significa, porém, que a novela abra mão de uma ou outra frase de culto, mas o uso do Evangelho é bem menor do que a pregação descarada que havia em Os Dez Mandamentos (2015/16), a história anterior. Os diálogos não são fotolegendas e dizem mais do que está sendo mostrado no vídeo. O autor também é mais comedido no uso dos sermões, e a direção não abusa da trilha sonora tonitruante, o que já configura um alívio e tanto.

Ao criar conflitos para o amor de Josué (Sidney Sampaio) e Aruna (Thais Melchior), com a vilã Samara (Paloma Bernardi) na outra ponta do triângulo, a narrativa foca no folhetim e ganha fôlego caso precise ser esticada, prática que já é mais do que conhecida em se tratando de Record.

Há, ainda, duas atrizes que se sobressaem em todo o restante do elenco. Miriam Freeland, na pele da prostituta Raabe, desde o início mostrou que a personagem é carismática e funciona como "mocinha plano B". A atriz é segura em cena, e a história de Raabe consegue prender a atenção do público.

Já Juliana Silveira surge como Rainha Kalesi, uma espécie de Lady Macbeth bíblica e que conta também com uma referência nada sutil à série Game of Thrones (HBO). A atriz segura a vilania da história. E ser vilã em novela bíblica, sem abusar de caras e bocas para intensificar as maldades da personagem, já é um ponto positivo para a atuação. O ponto negativo é que Kalesi morreu esta semana picada por uma de suas cobras e deixa agora uma lacuna na trama, a ser ocupada por Ravena (Flavia Monteiro).

A Terra Prometida, no entanto, repete alguns erros de produções anteriores da Record, como a caracterização exagerada, o figurino carnavalesco, além, é claro, dos efeitos especiais. Embora em menor escala, a direção não deixou de lado o recurso de closes e planos abertos que evidenciaram o uso de chroma key na cena da queda das muralhas.

Mas, se em Os Dez Mandamentos os efeitos especiais estavam mais para defeitos, em A Terra Prometida eles não prejudicaram a narrativa. Não impressionaram, é verdade, mas ao menos não atrapalharam o enredo distraindo o público com cenas cômicas involuntárias.

Assim, é seguro afirmar que A Terra Prometida está a anos luz de distância qualitativa em relação a qualquer outro produto do filão bíblico que a emissora já produziu. Um feito.


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