Crítica | Novela
Munir Chatack/TV Record
Marcos Pitombo e Juliana Silveira em cena de Vitória; novela fracassa por erro de estratégia da Record
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 26/8/2014 - 14h36
Atualizado em 27/8/2014 - 6h48
O departamento de teledramaturgia da Record sofre há tempos com a queda de audiência cada vez mais constante. Recentemente, o SBT passou a emissora no Ibope e voltou a ocupar a vice-liderança no painel nacional. Alguns fatores explicam tamanha fuga de público e o principal, sem dúvida, é o descaso da rede de Edir Macedo com os produtos de teledramaturgia.
Vitória, atual e única produção própria da rede paulista no ar, amarga índices inferiores a Pecado Mortal (2013), sua antecessora. É sabido que a Record tenta emular o padrão Globo, mas a falta de uma grade de horários atrapalha o seu produto mais caro. Colocar Vitória para disputar com o carro-chefe da Globo, a novela das nove, não foi a decisão mais acertada. Se com Em Família (2014) a coisa já não andava boa, agora, com Império bombando, só tende a piorar.
Não é o caso de trocar a novela de horário, pois, pelo contrário, a essa altura do campeonato só denotaria descaso com aqueles que já se habituaram a ver o folhetim às 21h15, mas talvez a próxima produção possa entrar no ar mais tarde. É preciso fidelizar o público, e para isso acontecer são necessários mais investimentos em teledramaturgia.
Em outras palavras, os telespectadores precisam saber que na Record também se faz teledramaturgia. A abertura de um segundo horário de novelas, por exemplo, ou a intensificação de minisséries e seriados, como os que estão por vir Plano Alto, de Marcílio Moraes, e Na Mira do Crime, de Tiago Santiago, uma coprodução com a Fox, sem dúvida aumentariam o prestígio da emissora e abririam portas para outros públicos.
As séries bíblicas também são outro filão que a emissora pode apostar, assim como o faz o SBT com suas novelas de temática infantil. A segunda temporada de Milagres de Jesus já está no forno, e a novela Os Dez Mandamentos, de Vivian de Oliveira, deve estrear no ano que vem. Embora as primeiras produções do gênero tenham padecido um pouco de exageros de caracterização, é reconhecível o avanço de José do Egito e até mesmo de Milagres de Jesus.
Com Vitória, a emissora passou a explorar melhor sua novela em outros produtos da linha de shows. Promoveu uma prova em Aprendiz Celebridades e criou uma ação de crossmedia com o matinal Hoje em Dia, que, apesar de ter sido criticada por especialistas, soube aproveitar o potencial da trama de neonazistas da história para gerar discussões (ainda que fakes) em outros programas da casa.
Apesar de mexicana demais e com um elenco em que salvam raras exceções (Beth Goulart, Lucinha Lins, Rafaella Mandelli e Juliana Silveira, por exemplo), Vitória apresenta pontos interessantes, como a ambiguidade do mocinho Artur (Bruno Ferrari) e a trama de neonazistas, que gerou rejeição do público, mas, em termos de história, rende bem.
A novela não pode ser inteiramente culpada pela debandada de público, consequência de um erro que vem de muito tempo na história da emissora, e a batata quente parece ter caído nas mãos de Cristianne Fridmann, a autora da vez.
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