No ar em Novo Mundo, Felipe Camargo reclama da quarentena: 'Acordo entediado'

Felipe Camargo confessa que sofre com a monotonia imposta pelas medidas de isolamento social implementadas por causa da pandemia de coronavírus (Covid-19). "Estamos lidando com essa coisa de não poder sair de casa, então tem dias que acordo bem entediado", afirma o intérprete de José Bonifácio na reprise de Novo Mundo (2017).

Com o tempo livre, o ator se divide entre o hobby da fotografia e os cuidados domésticos. "Faço as coisas de casa, como lavar louça e cozinhar. Cozinho quando curto e não como obrigação, porque fica meio chato. Ainda vejo séries e estou lendo um livro de contos do Rubem Fonseca [1925-2020] que gosto muito", conta.

Aos 59 anos, o ator se inspira em seu personagem no folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão para buscar novos rumos para a sua carreira. Em meio à leitura de uma biografia sobre o "patriarca da Independência", ele se surpreendeu ao descobrir que o verdadeiro José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) viveu suas maiores aventuras já na maturidade.

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"Ele era um cara atípico e totalmente politizado e capaz. Teve uma vida atribulada, entrou no exército português e lutou contra Napoleão Bonaparte [1769-1821]. Sabia manejar esgrima e revólver. Quando estava para terminar a vida dele e achou que já tivesse feito tudo, veio para o Brasil para descansar e foi convocado para ser ministro. Um cara como eu, já nos 60. Quero que [também] aconteça algo na minha vida e dê uma virada completa", filosofa.

Ele, inclusive, se reconhece diante dos modos do conselheiro de dom Pedro 1º (1798-1834). "Sou muito obsessivo e às vezes me isolo um pouco quando estou estudando e gravando, mas acho que não dá para ser diferente. Essa dedicação é uma coisa que vejo muito no Bonifácio. É quase inevitável. Quando pego um personagem que gosto, enfio a cara nos estudos", avalia o artista.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Leopoldina (Leticia Colin) joga bilhar com José Bonifácio (Felipe Camargo) na novela das seis

Ferida aberta

Felipe também traça paralelos entre o período retratado no folhetim e atual crise política do país. "A novela é muito atual, infelizmente. A gente teve uma colonização invasiva. O Brasil não se curou disso. A questão burocrática, os políticos… Tanto que o dia da Independência passa pela gente e ninguém liga. É uma questão de mentalidade mesmo", pondera.

O intérprete considera que a reprise serve tanto como entretenimento quanto para informação dos brasileiros sobre a própria História. "Dentro de todas as notícias ruins, essa foi uma excelente novidade. É uma novela linda, tanto que vão fazer a sua continuação em Nos Tempos do Imperador, que vai vir a seguir", diz.

Ele guarda com carinho as cenas ao lado de Leticia Colin, que deu vida à arquiduquesa Leopoldina. "Já tinha trabalhado com ela, então foi um reencontro maravilhoso. Temos um grupo no WhatsApp até hoje, que tomou fôlego de novo com a edição especial. Só não podemos nos encontrar. Se pudéssemos, com certeza já tínhamos nos visto", lamenta Camargo.

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