Inácia de Renascer, Edvana Carvalho revela mensagens que recebe de evangélicos

Edvana Carvalho tem chamado a atenção do público com sua atuação como a Inácia de Renascer. A atriz representa na TV a fé religiosa de sua personagem, que segue os preceitos do candomblé. Mas ela recebe mensagens de telespectadores cristãos, evangélicos e católicos, que afirmam ter adquirido outra visão sobre religiões de matriz africana após verem as cenas da ialorixá  na novela.

A atriz considera que o trabalho de um artista é "se comunicar com seu povo, na sua época. Falar de coisas que são importantes para o seu tempo, o presente". Ela acredita que seu trabalho está sendo bem feito ao apresentar, de maneira cuidadosa e respeitosa, a história e a fé de povos africanos.

"Inácia traz a representação linda das religiões de matriz africana, e a gente sabe que é um momento muito necessário de não alguém falar por nós, mas a gente falar da gente e mostrar como são as coisas", explicou a atriz em entrevista ao podcast Papo de Novela, do Gshow.

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Eu recebo nas redes mensagens de pessoas dizendo assim: 'Sou evangélica, mas a forma com que você tá trazendo as religiões de matriz africana [na novela] me faz querer aprender mais sobre, porque nunca me foi ensinado desse jeito'. Então, isso que é legal, é importante que aconteça.

"Tudo que envolve a herança africana às vezes é marginalizado, às vezes é demonizado. Ou, quando chega nas populações indígenas, é folclorizado. Então, através desse trabalho e de outros tantos, a gente vem tentando desconstruir essa história contada por outros e contar a própria história. Pra que o povo brasileiro, que é misto e diverso, possa conhecer a verdadeira história. Quando a gente conhece, a gente não ataca", complementou a atriz.

Edvana também se lembrou de um comentário que recebeu de uma senhora católica, que se emocionou ao ver uma cena de Inácia e sua ligação com a divindade Iemanjá.

"Uma senhora me falou: 'Sou católica apostólica romana, mas uma vez uma amiga me levou em um lugar e me disseram que eu era de Iemanjá, e quando eu vi sua cena de Iemanjá eu fiquei chorando, aos prantos. É uma coisa linda, que bom saber que isso é lindo também'. É essa discussão que a gente tenta trazer, como tantos outros assuntos que a novela aborda também", declarou.

Orgulho da religião

A artista também analisou a trajetória de Inácia com a religião. No começo da novela, a personagem ainda rejeitava o candomblé e não queria seguir a fé de sua mãe. Mas o destino falou mais alto.

"No início, Inácia esconde que é da religião de candomblé porque presenciou um sofrimento da mãe dela. Ela achava que era sofrimento, porque estava enxergando com os olhos do colonizador, de como a gente é engendrado a ser", disse.

"Tipo assim: o que a mãe dela via como doação à religião, de cuidar das pessoas a hora que for, de não cobrar nada, não enriquecer com isso, ela via como algo tipo 'pra que tanta dedicação pra depois acabar sozinha, pobre?'. Ela achava que a mãe dela só sofreu, quando na verdade a mãe dela sentia prazer em ser essa ialorixá que servia à comunidade", pontuou a atriz. 

"Muitas pessoas negavam ser da religião porque era associado ao que não é legal. Como tudo que é estrutural do racismo, pra discriminar, falar mal, separar. Então, no início, Inácia é mais sincrética, é mais para o lado do catolicismo. Depois ela aceita o destino dela, a herança da mãe dela de ser a filha de Iemanjá que ela é em sua integridade, seu amor por si e pelos outros. Eu poderia ter tirado o crucifixo [que a personagem usava], mas senti que não era pra tirar, era pra somar. Faz parte da Inácia e da construção do povo brasileiro também", concluiu Edvana.

Leia também -> Resumo dos próximos capítulos da novela Renascer.

Renascer foi escrita e criada pelo autor Benedito Ruy Barbosa. A primeira versão foi ao ar na Globo em 1993. Bruno Luperi é neto do novelista e responsável pela adaptação da saga rural que estreou no horário nobre em janeiro. O remake ficará no ar até setembro.

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