MONTAGEM
REPRODUÇÃO/TWITTER
Em sátira, o rosto do presidente Jair Bolsonaro foi colocada na cabeça do personagem Ricardo, da novela Tieta
REDAÇÃO
Publicado em 22/1/2020 - 8h58
Atualizado em 22/1/2020 - 8h59
Um humorista fez a personagem icônica Tieta, interpretada por Betty Faria, dar uma lição de moral sobre diversidade em Jair Bolsonaro. O jornalista Brunno Sarttori criou uma montagem em que o rosto do presidente do Brasil é colocado na cabeça de Cássio Gabus Mendes, que viveu Ricardo na novela de 1989. No diálogo, a protagonista não aceita que seu namorado seja homofóbico. "Valeu a pena", declarou o produtor de conteúdo.
As imagens foram publicadas no Twitter, e Sarttori é conhecido na internet pelas sátiras que costumam viralizar. "Não sei quantos direitos autorais podem ter sido violados com a criação desse vídeo", brincou ele. "Essa cena foi gravada há mais de 30 anos e mesmo assim continua atual", pontuou ele na manhã desta quarta (22).
Em Tieta, a personagem principal decide fugir do conservadorismo do Nordeste e vai para São Paulo. Cerca de 25 anos depois, ela retorna à cidade onde nasceu e acaba se envolvendo com seu sobrinho, Ricardo. A cena utilizada por Sarttori na montagem escancara a indignação de Tieta com a hipocrisia da sociedade.
"Com que direito tu enche a boca pra falar das leis de Deus? Que lei é essa? Onde que tá escrito, me diga? Por acaso Deus lhe deu procuração para agir em nome dele?", questiona ela no começo do vídeo. Na sequência surge o personagem de Cássio Gabus Mendes com o rosto de Bolsonaro.
"Tieta, você não pode achar que um homem vestido de mulher seja normal", responde Ricardo. "Oxi, é a roupa que importa? Aos olhos de Deus é a aparência que importa ou o caráter?", rebate a protagonista. O personagem de Gabus Mendes diz que não é só a roupa, mas que tudo importa.
"Fale de uma vez, a censura já acabou!", grita a ricaça extravagante. "Tieta, um homem é um homem. Deus criou o sexo com uma função e um papel", diz o sobrinho. "E quem não se encaixa nesse papel a gente faz o que? Afoga no mar?", questiona ela.
Em seguida, a protagonista criada por Jorge Amado na literatura discursa sobre padrões de comportamento e explica ao namorado que ninguém é igual a ninguém, e que eles não podem julgar ninguém devido à relação pouco convencional que eles mantém.
Ao final da conversa, Tieta pede que Ricardo abra seu coração. "Eu preciso pensar. É tudo muito novo pra mim", conclui o personagem, cabisbaixo.
Escrita por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn, a trama foi uma adaptação do romance Tieta do Agreste (1977), de Jorge Amado. Reynaldo Boury, Ricardo Waddington e Luiz Fernando Carvalho dirigiram a obra. Paulo Ubiratan foi responsável pela direção geral e de núcleo.
Vários internautas adoraram a montagem feita por Brunno Sarttori. "Quem nasceu pra ser Porcina nunca será Tieta!", declarou Tony Souza, em referência a Regina Duarte, que está prestes a assumir um cargo no governo de Jair Bolsonaro e que interpretou a Viúva Porcina na novela Roque Santeiro (1985).
"Aguinaldo Silva decaiu muito. Um texto desse nos dias de hoje seria criticado pela milícia digital bolsonarista e pelo próprio Aguinaldo", avaliou o perfil identificado como Loro José. "Por isso que a novela Tieta era de Jorge Amado", lembrou Alexon Rocha.
"Jesus. 30 anos e o texto é mais atual do que nunca. Que droga de retrocesso! Não mudamos ou avançamos em nada!", lamentou Lívia Porto.
Veja o vídeo de Brunno Sarttori no Twitter:
Não sei quantos direitos autorais podem ter sido violados com a criação desse vídeo, mas valeu a pena. pic.twitter.com/Uu0ZuzOZ96
— Bruno Sartori (@brunnosarttori) January 22, 2020
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