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Os Dias Eram Assim (mesmo)

Globo descobre que brasileiro ignora a história e vai dar aulas sobre ditadura

Daniel de Oliveira, Antonio Calloni e Marco Ricco em frente a frase icônica da ditadura -

Daniel de Oliveira, Antonio Calloni e Marco Ricco em frente a frase icônica da ditadura

DANIEL CASTRO

Publicado em 9/5/2017 - 6h26
Atualizado em 9/5/2017 - 10h20

As pesquisas feitas pela Globo com telespectadores da novela Os Dias Eram Assim apresentaram um resultado que deixou os executivos da emissora estarrecidos: o brasileiro médio é ignorante em história e desconhece fatos muito recentes da vida do país, como a Ditadura Militar, entre 1964 e 1985. Para tentar suprir algo que a escola não ofereceu à sua audiência, a rede decidiu, literalmente, dar algumas aulas sobre os "anos de chumbo".

No capítulo de ontem (8) da trama das onze, a personagem de Mariana Lima, Natália, uma professora universitária, apareceu na sala de aula promovendo uma discussão com seus alunos sobre o golpe de 1964, suas motivações e como começou a repressão. Nos próximos capítulos, ela será presa e torturada com choques elétricos por causa disso.

Outras cenas didáticas, como as da professora, serão inseridas para contextualizar o período em que se passa a história do amor impossível entre um médico, Renato (Renato Goes), e Alice (Sophie Cahrlotte), filha de um empresário de ultradireita, Arnaldo (Antonio Calloni), apoiador dos militares.

Arnaldo, aliás, também ganhará cenas extras. Nelas, será explicada sua relação com o regime militar: ele se simpatiza ideologicamente com a ditadura, não é um sádico conivente com os desmandos do delegado Amaral (Marco Ricco). Também será contado o que significa a faixa "Brasil: Ame-ou ou Deixe-o", já que ela não fez o menor sentido para muita gente _a frase era uma "justificativa" para o exílio de opositores. 

Tudo isso antes de a novela chegar a 1984, quando Renato e Alice se reencontrão durante um comício por eleições diretas para presidente da República. Assim, o telespectador que não teve acesso aos livros poderá entender melhor a truculência praticada por policiais em 1970, nos primeiros capítulos da novela.

A sequência em que Natália dá uma aula sobre a ditadura foi produzida a toque de caixa. Foi escrita, gravada e editada no domingo (7), logo após os grupos de discussão, realizados na semana passada.

Sérgio zalis/tv globo

Renato Góes e Sophie Charlotte durante encenação de manifestação contra a ditadura  

Os grupos de discussão, tipo de pesquisa em pessoas de perfis sociais assemelhados se reúnem para dar opinião sobre determinado produto, revelaram que os telespectadores de Os Dias Eram Assim estão ávidos por mais informações sobre a ditadura.

Nas conversas, os telespectadores contaram que sabem muito por alto sobre o período, baseados no que os pais ou avós contaram, e que não tinham noção de que houve tanta truculência. Pela primeira vez em seus grupos de discussões, a Globo incluiu homens.

Por outro lado, executivos da Globo e as autoras Alessandra Poggi e Angela Chaves respiraram alividados com a pesquisa: os telespectadores não demonstraram rejeição às cenas de tortura, como se temia. E aprovaram o principal na novela, que é o romance entre os protagonistas.

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