Globo dá 15 dias para Aguinaldo Silva salvar próxima novela das nove

O autor Aguinaldo Silva tem até o início de julho para salvar sua próxima novela das nove, intitulada O Sétimo Guardião e prevista para estrear no primeiro semestre de 2018. Se não conseguir um acordo jurídico e financeiro com estudantes de roteiro que colaboraram na criação da obra, Silva terá sua novela cancelada e perderá a vez na fila dos autores das 21h da Globo para João Emanuel Carneiro.

O prazo de duas semanas foi acordado entre a Globo e Aguinaldo Silva, responsável por sucessos como Império (2014), Senhora do Destino (2004) e Tieta (1989).

O autor usará esse tempo para negociar com ex-alunos que se queixam de não terem recebido dinheiro pela participação na elaboração da sinopse da trama. Ao final desse prazo, terá que apresentar à Globo garantias de que não haverá questionamentos futuros sobre a autoria de O Sétimo Guardião.

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O Globo alertou Aguinaldo Silva que não irá iniciar a produção de uma novela que corre o risco de ser embargada pela Justiça. A obra, que marcaria a volta de Aguinaldo Silva ao gênero do realismo fantástico, já tem reservados atores como Marina Ruy Barbosa e Lilia Cabral.

Como já tem uma sinopse aprovada para a faixa das 21h, João Emanuel Carneiro também foi avisado de que poderá ter de acelerar a entrega de capítulos.

De acordo com o jornalista Sandro Nascimento, do site NaTelinha, participantes de uma master class promovida por Aguinaldo Silva em 2015 ficaram insatisfeitos com o contrato de cessão de direitos que tiveram de assinar quando foram selecionados.

Eles pagaram R$ 4.000 para assistir aos dez dias de aulas e concordaram, por escrito, em transferir "os direitos patrimoniais dos trabalhos criados na oficina de roteiro" para Aguinaldo Silva. Durante o curso, foram desenvolvidos coletivamente o enredo principal e criados personagens de O Sétimo Guardião. 

Em março deste ano, após a aprovação da sinopse de O Sétimo Guardião pela Globo, um assessor de Aguinaldo Silva enviou e-mail aos pupilos do autor informando que eles receberiam o dinheiro do curso de volta desde que assinassem um novo contrato, desta vez com "cessão de direitos gratuita, total, irrevogável, irretratável e exclusivamente" à Casa de Artes Produções Artísticas, onde foi realizada a master class, em Petrópolis (RJ).

Segundo a reportagem de Sandro Nascimento, muitos dos participantes do curso estão questionando o "valor de mercado" de uma sinopse de novela da Globo. O Notícias da TV apurou que a emissora entendeu a mensagem como uma ameaça de processo na Justiça, apesar de os novos roteiristas terem medo de bloquear eventuais futuras oportunidades de trabalho na televisão.

Procurada, a Comunicação da Globo disse que a emissora não tem "nenhum envolvimento com o curso nem com os alunos" de Aguinaldo Silva. E que o autor "tem a responsabilidade de entregar uma obra original para a emissora e garantir que não haja dúvidas a esse respeito".

Ao NaTelinha, Francisco Patrício, assessor de Aguinaldo Silva, disse que a sinopse não foi vendida à Globo, já que o autor é contratado da emissora. Ele também afirmou que O Sétimo Guardião não foi criada exclusivamente nos dez dias da master class de novembro de 2015.

"Na master class, Aguinaldo dá um curso e um tema. Ele explica qual é a história e os alunos escrevem, segundo o que Aguinaldo fala: 'Você vai fazer esse personagem que eu vou indicar'. No caso, a história ficou legal e Aguinaldo falou assim: 'Talvez eu até apresente essa ideia e faça dela uma novela, mas eu vou ver'. E apresentou. Mas tudo o que foi escrito ali o Aguinaldo alterou. Uma ideia que sai do exercício é totalmente diferente do que é apresentado depois. Até porque são alunos, os caras não têm experiência nenhuma, estão ali para aprender", defendeu o assessor ao site.