Contra calor do capeta, Terra e Paixão vai tirar Agatha do inferno pela 2ª vez?

Walcyr Carrasco e Thelma Guedes provaram que são mesmo corajosos ao despachar Agatha (Eliane Giardini) de volta para o inferno em Terra e Paixão. A vilã foi responsável por uma guinada na novela das nove da Globo, aproximando-a de uma marca que Travessia (2022) não viu nem no último capítulo --a dos 30 pontos.

A mãe de Caio (Cauã Reymond) foi amada e odiada pelo público justamente por não só destilar o seu veneno. Ela também fez justiça com as próprias mãos ao dar uma lição em outros maus-caracteres da trama --como Irene (Gloria Pires) e Antônio (Tony Ramos).

A personagem trazia a ambição e o deboche típicos das antagonistas de Carrasco em seu DNA. Ela lembrava desde a Violante de Xica da Silva (1996), passando pela Cristina (Flávia Alessandra) de Alma Gêmea (2006) até a Sofia (Marieta Severo) de O Outro Lado do Paraíso (2017).

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Dissimulada, Agatha foi responsável por algumas das melhores cenas da produção, como ao maltratar Antônio no que chamou de "a arte de educar maridos". Os venenos dela também deram a chance de Tony Ramos brilhar durante os delírios do fazendeiro.

A ex-presidiária era tão ruim que não tinha o menor problema em fazer piada dos problemas psicológicos de Petra (Débora Ozório). Ela também não pensou duas vezes antes de humilhar Angelina (Inez Viana) --entre outras maldades que Irene jamais ousou.

Eliane Giardini igualmente merece os louros, já que deu o tom certo à megera, até com o texto mais teatral e didático de Carrasco.

Não à toa, o autor poderia facilmente ressuscitar Agatha pela segunda vez para movimentar a reta final de Terra e Paixão. Como o Notícias da TV havia adiantado, ela vai ser enterrada de caixão fechado --levantando a hipótese de que poderia ser mais uma farsa.

Carrasco e Thelma, inclusive, vão precisar de muitas cartas na manga para enfrentar as próximas ondas de calor e a proximidade do fim do ano. A audiência da Globo despencou tanto quando um dia de apagão com as temperaturas nas alturas na quarta (6).

Com 221 capítulos para preencher, os roteiristas já recorreram diversas vezes a pleonasmos narrativos: diversas perseguições automotivas, atropelamentos múltiplos e mortes similares.

Para concorrer com o "calor do capeta", os autores poderiam facilmente abrir as portas do inferno e ressuscitar Agatha pela segunda vez. Se o diabo não a quer, o público faz questão.

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