Jejum de ibope
Munir Chatack/TV Record
Os atores Paulo César Grande e Antônio Grassi em cena de Vitória, novela da Record
PAULO PACHECO
Publicado em 13/6/2014 - 20h56
Atualizado em 14/6/2014 - 7h30
Anunciada pela Record como alternativa para Em Família, a novela Vitória não chegou nem perto de incomodar a Globo. Pior: conseguiu ter um início mais desastroso do que Pecado Mortal e já faz história com o pior ibope da história do Recnov, o complexo de produção de novelas da Record no Rio de Janeiro. Para especialistas, no entanto, o erro está menos na história de Christianne Fridman, e mais na própria Record, principalmente em seu líder, Edir Macedo, que pregou jejum de televisão justamente na estreia da produção.
Até quinta-feira (12), Vitória acumulava média de 6,3 pontos no Ibope na Grande São Paulo. Os nove capítulos iniciais de Pecado Mortal, registraram 7,6. Na quinta, teve o pior desempenho desde a estreia: 4,8.
Sem emplacar no Ibope, Vitória ajudou a Globo a "ressuscitar" Em Família, que vem registrando médias alcançadas apenas no mês de estreia, em fevereiro. A trama de Manoel Carlos, que carrega o título de pior ibope da história às 21h com audiências abaixo de 30 pontos, acumula em junho média de 31,3 pontos contra a nova novela da Record.
Além de empurrar Em Família para cima, Vitória ainda perde para o SBT. Em cinco dos nove confrontos, a rede de Silvio Santos levou vantagem com Chiquititas e a reprise de Rebelde. Ou seja, a Record mirou a Globo, mas foi abatida pelo SBT.
Erro de Vitória está na Record
Com uma divulgação agressiva, a Record convidou os insatisfeitos de Em Família a mudarem para Vitória, chamando a novela da Globo de "salada de chuchu sem tempero", por ser morna, com pouca ação. Mas Vitória sofre com estratégias absurdas de programação e do boicote de seu próprio líder, Edir Macedo.
Para Claudino Mayer, doutor em Ciências da Comunicação pela USP (Universidade de São Paulo) e especialista em teledramaturgia, a novela de Christiane Fridmann é "ótima", porém teria um desempenho muito melhor se não competisse com Em Família. Para o crítico, Vitória sofre com a estratégia equivocada da programação, que desrespeita o telespectador por não começar a trama no horário em que é anunciada e por insistir em concorrer com a novela da Globo.
"Quem faz uma opção dessa [concorrer com a novela das 21h da Globo] não entende de telenovela. Christianne Fridman é uma das poucas autoras que pode tirar a Record dessa nuvem negra, dessa crise que está passando em suas novelas. Vitória está em um horário indevido. Se entrasse às 22h20, começaria a incomodar", analisa Mayer, que prevê uma piora na audiência da novela da Record quando Império, trama de Aguinaldo Silva, estrear no dia 21 de julho.
Vitória também sofre com o boicote do próprio dono da rede, o bispo Edir Macedo, que recomendou a seus fiéis e funcionários um jejum de 40 dias sem televisão durante a Copa do Mundo. Essa recomendação repercutiu mal nos corredores do Recnov. Elenco e equipe técnica da novela se incomodaram com o fato do líder da emissora não assistir e impedir que seus seguidores a assistam. A avaliação interna é a de que a determinação de Macedo afastou fiéis da Igreja Universal da frente da TV justamente no momento de estreia da novela.
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