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Gilberto Braga

Autor não se arrepende de culpar paulista por fiasco de Babilônia

JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO

Gilberto Braga durante a apresentação de Babilônia à imprensa, no final de fevereiro, no Projac - JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO

Gilberto Braga durante a apresentação de Babilônia à imprensa, no final de fevereiro, no Projac

DANIEL CASTRO

Publicado em 3/6/2015 - 4h54

Autor de Babilônia, Gilberto Braga diz que não vai abandonar a novela das nove da Globo, pior audiência da história do horário. Nem vai se desculpar com os paulistas por acusá-los, injustamente, pelo fracasso da trama, como fez em entrevista ao jornal O Globo publicada no último domingo. "Não me arrependo de nada, a repercussão da entrevista foi excelente", disse ao Notícias da TV por e-mail. Durante todo o dia de ontem, circularam rumores de que o autor deixaria a novela, para não passar pela humilhação de ser afastado. "Não é verdade", rebate.

Na entrevista, Braga afirmou que as mudanças feitas em Babilônia deram certo em todo o país, menos em São Paulo. Na verdade, os números do Ibope mostram que o Brasil todo rejeita a novela. A média nacional até o último sábado era de 26,0 pontos, apenas 0,6 acima de São Paulo (25,4). Em capitais como Florianópolis, onde as tramas das nove sempre estão acima dos 40 pontos, caiu de 36,6 em março para 32,1 em maio. Em Manaus, registra apenas 18,4.

Gilberto Braga responsabilizou os paulistas pelas mudanças em Babilônia. A trama sofreu corte de beijos entre homossexuais e alterou perfis de personagens: Beatriz (Gloria Pires) deixou de ser uma "devoradora" de homens; Alice (Sophie Charlotte) não chegou a se prostituir; Murilo (Bruno Gagliasso) desistiu de se tornar cafetão e está perdido como produtor de eventos.

Na entrevista, Braga chamou os paulistas de "esquisitos" por gostarem de Jamanta, personagem abobalhado que Silvio de Abreu criou em Torre de Babel (1998) e relançou em Belíssima (2005). "Acho que o problema está aí. Não sei escrever para quem gosta de Jamanta. Meu universo é anti-Jamanta", disse. 

O autor afirma que não se arrepende da declaração. Com bom humor e ironia, diz que só recebeu manifestações de "paulistano que também não gosta de Jamanta".

Dia da queda

A entrevista causou enorme mal-estar em vários setores da Globo. No Projac, a central de estúdios da emissora, avalia-se que Braga foi injusto ao dizer que a sinopse de sua novela circulou durante um ano pela emissora e que ninguém o alertou de que não deveria ter mocinha prostituta nem galã cafetão. A afirmação é negada pela existência de um extenso relatório analisando a trama e propondo mudanças para evitar rejeições.

Apesar do desconforto, nenhum executivo graduado da Globo chegou a propor o afastamento de Braga, ao contrário do que se especulou nos bastidores. Mesmo os insatisfeitos reconhecem o valor do autor e seu direito de dizer o que pensa, principalmente sobre sua novela. Homem forte da dramaturgia diária da Globo, Silvio de Abreu saiu em defesa do amigo.


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