Atriz de Todas as Flores cansa de circo e promete 'falar quando a novela acabar'

Intérprete de Judite em Todas as Flores, Mariana Nunes desabafou nas redes sociais e revelou ter optado por parar de falar sobre racialidade durante a exibição da novela. Abalada por fazer parte do "circo" que tanto criticava, ela quis segurar a língua para evitar que colegas da novela se sintam alvo de seus comentários. "Afinal, os white [branco, em inglês] pensa que é tudo sobre eles, né?", declarou ela, numa série de vídeos publicados nesta sexta (16).

É uma tarefa difícil, já que a atriz gosta de "berrar e reivindicar", mas acabou cedendo ao "circo" do qual agora faz parte para tentar evitar maiores conflitos. "Porra, tá muito difícil fazer parte desse circo aqui, porque eu sou a do front, né, carne de canhão... Tá ligado essa expressão carne de canhão, que vai na frente, que berra e tal? Mas agora eu tô dentro do circo do qual eu berrava", começou ela.

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Porra, eu tô morrendo de vontade de fazer vários comentários sobre racialidade, mas aí meus colegas vem, e aí todo mundo acha que é com eles. Vou ter que esperar a novela acabar pra começar a falar, né? É difícil, gente, muito difícil. Muito difícil. Pensou no difícil, é mais difícil ainda. Porque são coisas inexplicáveis.

Ela, no entanto, ressaltou que recebe comentários positivos sobre seus vídeos relacionados ao tema e que sabe que presta um serviço. "Por outro lado, hoje uma camareira, que eu não vou falar o nome dela, muito querida, falou assim: 'Minha filha me falou para falar para você não sair da mídia --achei massa (risos)-- e não parar de fazer seus vídeos, porque seus vídeos são muito importantes. A gente te acompanha no Instagram, você fala coisas muito interessantes'", relembrou.

O desabafo veio um dia depois da publicação de uma declaração da atriz para a revista Quem, na qual ela escrachava a falta de protagonismo negro na TV até pouco tempo atrás. Ainda assim, ela ressaltou os avanços em relação a isso nos últimos anos. 

"Começou uma onda de colocar atores pretos em personagens pequenos, que não estavam no centro da trama, mas representavam uma classe social mais alta. A participação de um médico, botavam um ator preto. A participação de um advogado, botavam um ator preto. Agora esses atores pretos estão começando a ter papéis que estão mais no centro da cena. Ainda não está 50% por 50%. Todas as Flores tem quatro protagonistas e uma preta, duas não brancas e uma branca. É massa", analisou ela.