ALINE BORGES
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Zuleica (Aline Borges) em Pantanal; atriz teve um longo processo até ter consciência racial
Intérprete de Zuleica em Pantanal, Aline Borges revelou que se entender como uma mulher negra foi um longo processo. O preconceito, inclusive, a marcou profundamente ainda na infância em um episódio que ela só teve coragem de contar para a família anos depois --arrancando lágrimas com o relato.
"O entendimento da negritude no Brasil é se você tem a pele escura. Se não tem, falam: 'Você nem é tão preto assim'. Se eu fosse branca, estaria tendo os privilégios de uma pessoa branca. E entender isso fez com que eu me apropriasse da minha história e dos que vieram antes de mim", explica ela, em entrevista ao Jornal Extra.
Durante o bate-papo, a atriz trouxe à tona um episódio de quando ainda estava no colégio para mostrar como a sua jornada de autoconhecimento não foi fácil:
As meninas do colégio quiseram saber como meu irmão era. Na hora, fiquei muda. Não consegui falar, com vergonha, e aí comecei a inventar alguém que não existia. ‘Parece comigo, tem a pele da minha cor, os olhos claros e o cabelo jogadinha para trás’. Depois de um tempo, meu irmão decidiu me visitar e vai me buscar na escola. Dei o endereço errado. Enquanto ia andando até onde ele me esperava, passou um filme na minha cabeça.
Aline disse que até hoje se lembra da sensação de vergonha e de arrependimento, tanto que decidiu contar essa história pela primeira vez em um monólogo no final da peça Contos Negreiros do Brasil. Na platéia, estavam seus pais e o irmão.
A produção foi fundamental para que a artista se reconhecesse como negra e compreendesse o porquê de só conseguir papéis de subserviência.
"Comecei fazendo coisas pontuais, numa época em que nem tinha consciência da minha identidade racial. Eu ficava buscando fazer papéis destinados a mulheres brancas: a patricinha, a mocinha. E nunca chegava isso. Era só empregada, copeira, bandida. Eu nem questionava", lamenta.
Hoje, ela faz questão de trazer a discussão para dentro de seus papéis, a exemplo de Zuleica. A mulher de Tenório (Murilo Benício) já apareceu lendo diversos autores negros em Pantanal, como os livros de Conceição Evaristo.
“Ao construir essa consciência, estou proporcionando isso para a geração que vem depois de mim. E talvez eu consiga trazer isso para os meus pais e irmãos também”, arrematou ela.
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