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MUDANÇAS

Turner demite diretores no Brasil, e principal executivo cai atirando

Divulgação/Turner

Gustavo Diament, ex-gerente-geral da Turner no Brasil, que pediu demissão na segunda (13) - Divulgação/Turner

Gustavo Diament, ex-gerente-geral da Turner no Brasil, que pediu demissão na segunda (13)

DANIEL CASTRO

Publicado em 14/3/2017 - 10h44
Atualizado em 14/3/2017 - 20h34

Há apenas dez meses o principal executivo da Turner no Brasil, Gustavo Diament foi demitido na segunda feira (13), juntamente com Rogério Gallo, vice-presidente dos canais de entretenimento, e Daniella Vieira, diretora de conteúdo infantil. Uma diretora de recursos humanos veio da Argentina ao Brasil para comunicar as demissões.

A Turner programa canais importantes, como o Cartoon Network, TNT e Warner, e vem sofrendo com a crise no setor de TV paga do país, que perdeu 1.121.760 assinantes desde dezembro de 2014. Além disso, a programadora investiu pesado no segmento esportivo, com a compra do canal Esporte Interativo e disputa de direitos do Campeonato Brasileiro com a Globo/Sportv.

Para completar o cenário, a empresa vem passando por uma reestruturação global. Nos Estados Unidos, a Time Warner, sua controladora, está em processo de fusão com com a megaoperadora AT&T.

A fusão terá reflexos no Brasil, onde a AT&T controla a operadora Sky. Como a legislação brasileira proíbe que um mesmo grupo detenha a distribuição (operadora) e a produção de conteúdo (programadora, como a Turner), o grupo terá que se desfazer de uma das empresas. Ou vende a Sky, segunda maior do país, com mais de 5 milhões de assinantes, ou a Turner.

No mercado de TV paga, a principal especulação é a de que a Turner estaria esvaziando sua operação no Brasil, transferindo para outros países decisões que Rogério Gallo e Daniella Vieira tomavam. Essa tese, no entanto, não faz muito sentido, pois vai contra tudo o que o grupo construiu nos últimos anos. A tendência, pelo contrário, é investir cada vez mais no Brasil.

No cargo de gerente-geral da Turner no Brasil desde abril do ano passado, Gustavo Diament vinha batendo de frente com o novo presidente do grupo na América Latina, Whit Richardson, segundo fontes do Notícias da TV.

O próprio comunicado oficial de Richardson anunciando a saída de Diament indica isso. "Eu e ele tivemos discussões sobre seu papel na Turner e ficou claro para nós dois que ele está pronto para novas oportunidades fora da empresa", disse o executivo, que assumiu a liderança na América Latina há um mês.

Para observadores do mercado, "estar pronto para novas oportunidades fora da empresa" foi uma forma elegante de dizer que não há mais espaço para os dois na mesma corporação.

Em entrevista ao site da revista Meio&Mensagem, publicada segunda-feira, Diament saiu atirando no mercado de TV por assinatura e, consequentemente, na própria Turner.

Ex-executivo do aplicativo de música Spotify, Diament fez duras críticas ao modelo de negócios da TV paga no Brasil, que, segundo ele, é cara, não prioriza o assinante e resiste a mudar.

"Vim para a empresa para fazer transformações, necessárias na indústria, e tem algumas perguntas que eu fazia quando cheguei e continuei a fazer. Por exemplo, quantas vezes você comprou um pacote vários canais e não acha justo porque não assiste todos? Se tem canal com audiência e esse canal desaparecer amanhã, o consumidor ficará desesperado ou vai encontrar o conteúdo em outro lugar? Existe algum aplicativo de TV everywhere que você usa? Cuja interface é amigável, interessante e com conteúdo relevante?", indagou Diamente ao Meio&Mensagem, para responder em seguida:

"Porque a maioria dos players tem um app mais ou menos com esse conteúdo que não é importante, muito mais por uma cláusula contratual. E isso mostra como a indústria está sendo desafiada. Porque tirando a Globo e a Globosat, que estão fazendo alguma coisa, o que você vê de relevante nesse mercado? Não tem". Ou seja, a própria empresa que ele comandava não é relevante em sua opinião.

Para Diament, o modelo da TV paga, com programadoras empacotando conteúdo distribuído por operadoras em pacotes pré-determinados de canais, não funciona mais. Ele diz que as prioridades de programadoras como a Turner são as operadoras (Net, Sky, Claro, Oi, Vivo) e, depois, as agências de publicidade. O assinante vem em terceiro lugar, lamenta.

As mudanças na Turner no Brasil ocorrem em um momento em que o grupo liderado pela CNN também se reestrutura nos Estados Unidos. No final de 2016, a Time Warner, controladora da Turner, se fundiu nos EUA à megaoperadora AT&T, que passou a controlá-la.

Aguarda-se para os próximos dias mudanças na operação da Turner na América Latina. Uma possibilidade é que parte da área comandada por Rogério Gallo passe a ser operada fora do Brasil.

Leia aqui a entrevista de Gustavo Diament ao Meio&Mensagem.


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