Emissoras vs Operadoras
Reprodução/RecordTV
Edir Macedo e Silvio Santos no Templo de Salomão, em 2015, quando decidiram abrir a Simba
DANIEL CASTRO
Publicado em 30/8/2017 - 15h22
Segunda maior operadora de TV por assinatura do país, a Sky voltará em breve a carregar os sinais de Record, SBT e RedeTV!. A empresa fechou acordo com a Simba, programadora das três emissoras, e encerrou uma crise que se arrasta desde o final de março. O contrato entre dirigentes das redes e da Sky foi assinado hoje (30) em São Paulo.
Com 5,5 milhões de assinantes em todo o país, a Sky é a segunda grande operadora a fechar acordo com a Simba. A primeira foi a Vivo. A Net e a Claro, que juntas têm mais da metade do mercado nacional de TV por assinatura, já estiveram muito próximas de um final feliz, mas uma reviravolta impediu o acerto. As empresas seguem negociando.
Detalhes do acordo da Simba com a Sky não foram revelados. No mercado, estima-se que Record, SBT e RedeTV! receberão da operadora aproximadamente R$ 1,00, receita que será compartilhada por elas.
O contrato só foi possível porque as emissoras de TV recuaram e aceitaram reduzir drasticamente os valores que pretendiam cobrar das operadoras.
Em março, a Simba pediu R$ 15 pelos sinais digitais das três redes, o equivalente ao custo que as empresas de TV por assinatura têm com pacotes premium, como HBO e Telecine, pelos quais cobram R$ 30 dos assinantes. Essa quantia, inviável para as finanças das operadoras, renderia às redes uma receita anual de R$ 3,5 bilhões, praticamente a mesma verba que elas faturam com publicidade e venda de horários a igrejas.
Quando decidiram enfrentar as operadoras, as emissoras da Simba esperavam um clamor popular favorável a elas. Seus executivos imaginavam que, assim como ocorrera na disputa entre Fox e Sky, em janeiro, os telespectadores cancelariam assinaturas e protestariam nas redes sociais.
Em 30 de março, no mesmo dia em que ocorreu o desligamento do sinal de TV analógica na Grande São Paulo, a Simba determinou às operadoras que, sem um acordo comercial, elas não poderiam mais carregar as programações de Record, SBT e RedeTV!, que, juntas, representavam quase 20% da audiência de todos os canais no cabo e no satélite.
As três redes saíram do ar nas principais operadoras em São Paulo e no Distrito Federal, e o clamor popular que as redes esperavam não aconteceu.
Pelo contrário, elas foram as maiores prejudicadas. Suas audiências caíram até 30%. Programas da Record como o Balanço Geral/Hora da Venenosa nunca mais foram líderes no Ibope. Com exceção do SBT, até hoje elas não recuperaram a audiência que tinham em março.
Em crise, a Simba trocou seu executivo responsável pelas negociações com as operadoras. Saiu o ex-banqueiro Marco Gonçalves e entrou Ricardo Miranda, ex-presidente da Sky, nome de confiança do mercado de TV por assinatura.
Em junho, com o desligamento do sinal analógico em Goiânia, as negociações tiveram um avanço. A Simba finalmente acenou com um preço que as operadoras estavam dispostas a pagar. Assim, conseguiu manter as três redes na TV paga em Goiás mesmo sem um acordo comercial, sem um acerto de preço a ser pago pelos sinais.
As emissoras estão cobrando por seus sinais na TV assinatura amparadas na lei 11.485/11, que instituiu cotas de programas nacionais nos canais pagos. A lei prevê que os sinais digitais das redes abertas não são obrigatórios e gratuitos nas operadoras.
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