COLUNA DE MÍDIA
Divulgação/NBC
Brian Baumgartner, de The Office (2005-2013): famoso do time B faturou R$ 5 milhões com vídeos para fãs
No mundo das revistas de famosos, as celebridades são categorizadas em A e B. O time A é aquela turma VIP, que todo mundo reconhece sem a necessidade de mais explicações. A celebridade B é aquele rosto familiar, que em algum momento se tornou notório por algo que provavelmente você não irá lembrar.
E a vida era assim: o time A escolhia onde e quando aparecer, e o B tapava os buracos (e as manchetes) na falta de um A. Mas o digital mudou completamente o status das celebridades e embaralhou a clássica fórmula do A e do B.
Não raro, uma celebridade B (ou C, dependendo do rigor) gera mais engajamento nas plataformas digitais do que um nome tradicional. O talento para ser estrela de novela pode assegurar um número relevante de seguidores nas redes sociais, mas não se traduz em liderança no engajamento.
Aliás, o time B, que sempre teve de ralar muito mais para aparecer, sai na frente nessa corrida, porque no digital status ajuda, mas trabalhar duro para gerar conteúdo constantemente é mais eficiente. E não faço aqui nenhum juízo de valor se o conteúdo é bom ou ruim sob qualquer ponto de vista.
O Cameo, um app que conecta famosos e fãs, é prova de como a classificação dos famosos nunca esteve tão embaralhada. No aplicativo, os fãs pagam de US$ 5 (R$ 28) a mais de US$ 2.500 (R$ 14,1 mil) para receber mensagens gravadas em vídeo por celebridades. Nesta semana, a empresa recebeu uma nova rodada de investimentos que a tornou um unicórnio --ou seja, uma empresa avaliada em mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,67 bilhões).
"Minha celebridade na lista D pode ser sua pessoa favorita no mundo", disse Steven Galanis, executivo-chefe e cofundador do Cameo, em uma entrevista ao Wall Street Journal.
Galanis acrescentou ainda que essas classificações informais da lista não são relevantes no cenário de entretenimento de hoje. "Estamos aproveitando isso. A definição de fama mudou totalmente", sentenciou o empresário.
Há famosos que faturam mais de US$ 1 milhão (R$ 5,67 milhões) por ano no Cameo --caso de Brian Baumgartner, o Kevin da série The Office (2005-2013). O ator britânico James Buckley, que viveu Jay Cartwright na comédia The Inbetweeners (2008-2010), foi o criador mais prolífico do serviço no ano passado, com cerca de 10 mil Cameos.
As mensagens no aplicativo são compradas principalmente como presentes para ocasiões especiais, como o aniversário de alguém. Outras vezes, são usadas para romper com um parceiro romântico ou para fazer brincadeiras.
Plataformas que conectam a audiência diretamente com os artistas estão crescendo rapidamente na pandemia. O Patreon e o OnlyFans (que também está revolucionando a indústria do sexo) são exemplos.
Pode parecer estranho uma estrela de novela ou um cantor notório não ser tão relevante no Instagram ou TikTok quanto um ex-participante de reality show, um atleta que nunca venceu uma competição ou uma modelo que nunca teve fotos publicadas em lugar algum. Mas é apenas o começo, e muita coisa pode mudar.
À medida que os artistas e criadores de conteúdo se derem conta de como o digital mudou o jogo e está diminuindo o peso das TVs e gravadoras, muitas celebridades, inclusive as mais conhecidas, vão assumir o controle de suas carreiras, como diversos famosos já estão fazendo.
Obviamente, não será fácil mudar a percepção, e muitos vão seguir sendo tachados de time B. Mas se a classificação começar a ser feita pelo saldo das contas bancárias, você se surpreenderia com quantos famosos do time B entrariam em uma seleta lista A de milionários.
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