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Emissoras vs Operadoras

Presidente da Net diz que não vai pagar nada para emissoras de TV

Adriana Spaca/Notícias da TV

José Felix, CEO da América Móvil no Brasil, durante evento do mercado de TV por assinatura - Adriana Spaca/Notícias da TV

José Felix, CEO da América Móvil no Brasil, durante evento do mercado de TV por assinatura

DANIEL CASTRO

Publicado em 27/4/2017 - 6h02

Presidente da América Móvil no Brasil, José Félix se manifestou publicamente pela primeira vez sobre a crise com a Record, SBT e RedeTV!, que cortaram seus sinais na TV por assinatura em São Paulo e Brasília e exigem o pagamento de um valor por assinante. "Não vamos pagar", afirmou Félix a um grupo de jornalistas em Brasília.

A América Móvil é dona da Net e da Claro TV, que detêm 9,7 milhões dos 18,6 milhões de assinantes de TV paga no Brasil, ou 52% do mercado.

Segundo relato do jornalista Samuel Possebon, da Teletime News, o executivo justificou que a crise econômica, que afeta o desempenho da TV por assinatura desde 2014, não permite assumir novas despesas.

"Não existe a hipótese de onerar o assinante, e o nosso esforço tem que ser de racionalizar os custos ainda mais", afirmou Félix na tarde de terça-feira (25).

A declaração de que não vai pagar nada, a rigor, é mais retórica do que prática. A Net e a Claro vêm negociando com a Simba, empresa formada pelas três redes. Se está negociando, está disposta a pagar alguma coisa, por menor que seja.

No mesmo encontro com jornalistas, Félix apontou uma possível solução: as operadoras aceitariam pagar um valor por assinante, mas Record, SBT e RedeTV! as reembolsaria com a veiculação de anúncios em seus intervalos. No final das contas, as operadoras teriam de volta todo o gasto, e as redes teriam um incremento de receitas.

As negociações entre a Simba e as operadoras continua longe de um acordo. Na primeira proposta, as TVs pediram R$ 15 por assinante, mesmo custo que as empresas de cabo e satélite têm com pacotes premium, como Telecine e HBO.

Numa segunda rodada de negociações, a Simba apontou para uma redução pela metade do valor, mas as operadoras ainda consideram inviável.

O pagamento por assinante em troca de publicidade já começou a ser discutido nas reuniões, porém esbarra no valor que Record, SBT e RedeTV! pedem por seus sinais. As operadoras querem pagar centavos, não reais.

Desde 30 de março, as três redes não estão mais sendo distribuídas pelas pelas grandes operadoras, exceto a Vivo, em São Paulo e Distrito Federal, onde já ocorreu o o apagão analógico. Na Grande São Paulo, cerca de 7 milhões de telespectadores, aqueles que só veem TV aberta por cabo ou satélite, foram afetados.

Com o fim da TV analógica, as redes abertas passaram a ter o direito de cobrar por seus sinais digitais, antes distribuídos gratuitamente pelas operadoras de TV paga. Record, SBT e RedeTV! formaram uma joint venture, a Simba, para terem maior força de negociação.

As emissoras estão sendo fortemente prejudicadas pelo corte do sinal na TV paga. A Record e o SBT caíram 27% e 16% no Ibope, respectivamente. Globo e canais por assinatura subiram 10%. A Band também registrou alta em sua audiência.

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