Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
X
Instagram
Youtube
TikTok

BERNARDO BARRETO

Premiado em festival nos EUA, protagonista de Malhação chuta a porta em Hollywood

Divulgação/Ivi Moura

Bernardo Barreto posa em uma paisagem de Los Angeles, com um boné preto, jaqueta jeans e uma camiseta branca

O ator Bernardo Barreto se mudou para Nova York em 2014; agora, tenta a sorte em Los Angeles

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 7/6/2024 - 21h00

Neste ano, o ator Bernardo Barreto completa uma década de sua mudança para os Estados Unidos. Depois de uma longa temporada em Nova York, ele agora vive entre a Grande Maçã e Los Angeles, a meca do entretenimento. Por lá, o protagonista da temporada 2006 de Malhação (1995-2020) luta diariamente para conquistar seu espaço em Hollywood. "Atuar é uma questão de sobrevivência, eu não saberia fazer outra coisa", resume o brasileiro.

As sementes plantadas durante dez anos começam agora a dar resultados. No fim de abril, o longa Invisíveis, escrito, produzido e protagonizado por ele, venceu o Festival Internacional de Cinema do Arizona como melhor filme dramático. A produção da Berny Filmes (produtora que ele abriu em 2011), dirigida pelo cineasta Heitor Dhalia (da série DNA do Crime) também fez bonito nos festivais de Santa Barbara e Beverly Hills (ambos na Califórnia).

Mas a boa aceitação do projeto não mexe com a cabeça de Barreto. Ele, aliás, admite que se vê em um eterno conflito: abraçar de vez o lado produtor e cavar mais oportunidades para si nos projetos que toca por conta própria ou se dedicar apenas à atuação, a faceta da arte que mais lhe satisfaz?

"Quando eu comecei, o Brasil tinha pouquíssimos projetos no cinema. Grosso modo, saíam uns 50 filmes de ficção por ano, uns 50 documentários, e só. Eram poucas oportunidades, tinha uma competição alta, porque a quantidade de papéis era limitada. Então, criar minha produtora veio a calhar nesse aspecto, porque eu nunca fui aquele ator que fica esperando o telefone tocar. Isso iria contra a minha própria natureza", aponta Barreto ao Notícias da TV.

"Como eu tenho muita energia, coloquei isso em prol da minha carreira, no sentido de 'vou fazer várias coisas, ser um profissional múltiplo'. Fui muito criticado no início, e até me questionei se era a decisão certa --às vezes, ainda me questiono (risos). Mas, agora, parece que isso ficou mais comum, você vê vários atores que se colocam como roteiristas, diretores, produtores... Só que quem faz isso mesmo? Quem estudou para isso?", provoca o ator.

O fato é que precisar se dividir entre tantas funções do processo audiovisual acaba ocupando o tempo que ele gostaria de dedicar exclusivamente à atuação. "Eu sinto uma falta enorme de quanto não estou no estúdio ou no palco, e estou mudando minha vida para que isso aconteça com mais frequência. Como virei esse cara múltiplo, o ator em mim fica desesperado!".

Para Barreto, atuar é como respirar --e um eterno aprendizado. "Tem ator que fala: 'Eu já estudei, eu já fiz isso'. Eu não, tenho uma insegurança de que preciso estar sempre em exercício. Preciso estar sempre preparado. Li uma entrevista do Dennis Hopper [ator de Easy Rider, 1936-2010] na qual ele dizia: 'Se a atuação não for uma questão de sobrevivência, talvez essa carreira não seja para você'. E é exatamente isso!", resume.

Tenho amigos que já me chamaram para fazer outros negócios com eles, coisas incríveis até. Mas imaginei minha vida fazendo aquilo em vez do que eu faço... E eu morreria! Talvez não fisicamente, mas morreria espiritualmente. É nesse nível! Não dá para ser mais claro, é uma questão de sobrevivência mesmo.

Hollywood se abriu para brasileiros?

Com a visão de quem acompanha de perto o cenário internacional há dez anos, Bernardo Barreto não vê uma abertura tão grande de Hollywood para latinos nem, mais especificamente, para brasileiros. Claro que há casos pontuais, como os atores Wagner Moura, Rodrigo Santoro e Alice Braga ou os diretores Fernando Meirelles e José Padilha, mas são exceções.

"Acho que os latinos estão tentando conquistar esse lugar, mas de uma maneira ainda um pouco desorganizada. Pelo menos essa é a minha visão agora, mas pode ser que amanhã eu mude de ideia", resume o ator, que ressalta um lado positivo de ser um brasileiro no exterior:

Existe um fascínio pela nossa cultura, pela nossa alegria. Eu me lembro de ir para Cannes e as pessoas me perguntarem onde ia ser a festa dos brasileiros, porque era a que todo mundo queria ir. Então, nós saímos na frente com essa vantagem, porque somos recebidos com um sorriso. Mas precisamos provar o nosso valor e a que viemos depois desse início. Somos alegres, leves, mas agora é a hora de mostrar seriedade, compromisso, que são qualidades que o Brasil talvez ainda não imprima.

E a carreira no Brasil, como fica?

Apesar de sua vida agora ser nos Estados Unidos, o ator não descarta uma volta para seu país de origem para realizar projetos por aqui. "Eu estou baseado em Los Angeles, mas me vejo como um cidadão do mundo, posso estar aqui, posso estar no Brasil... Se surgir um projeto interessante, que tenha algo para dizer, eu viajo para aí, sem dúvida nenhuma."

"É que às vezes aparecem coisas que estão fora da minha linha, que não vão acrescentar algo... E nada contra, acho importante ter isso também. Só que eu quero fazer os projetos mais variados. Se tiver uma série para rodar durante um tempo determinado, um filme, queria fazer teatro também, tanto aqui quanto no Brasil... Eu estou pra jogo!"


Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.