ALBERTO LUCHETTI
Arquivo Pessoal
Alberto Luchetti em ilha de edição do novo estúdio da allTV, no Morumbi, na zona oeste de SP
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 16/5/2017 - 5h56
O jornalista Alberto Luchetti Neto foi pioneiro ao apostar na televisão na internet no Brasil, quando criou a emissora allTV, em maio de 2002. Quinze anos e muitos percalços depois, celebra o crescimento do setor, mas confessa não ser tão participativo da vida conectada: Luchetti não tem perfil em nenhuma rede social, como Twitter ou Facebook.
"Não tenho nada disso. Quando montei a allTV, não usava nem e-mail. Mas eu sei o que está acontecendo nesse universo. Posso não ser participativo, mas sou antenado. Se o barato de hoje é o WhatsApp, então vamos levar a allTV para o WhatsApp", conta ao Notícias da TV.
É o aplicativo para troca de mensagens de celular, inclusive, que vai marcar o início de uma nova fase no canal online: aos 15 anos, a allTV vai debutar no WhatsApp com a distribuição de pequenos vídeos customizados para cada cliente.
"Na emissora, nós produzimos notícias de economia, agronegócio, política, cultura, esportes. Qual desses você quer ver? E quantos você quer receber por dia? Ou por semana? De acordo com suas respostas e seus gostos, vamos disponibilizando o conteúdo personalizado", adianta Luchetti, 64 anos.
"É uma forma de nos reinventarmos como veículo de comunicação em um momento no qual você precisa inovar o tempo todo. E acredito que o futuro da internet está no mobile [celular]", arrisca.
Ex-diretor do Domingão do Faustão, o jornalista não é de palpitar sem embasamento prévio: no início da década passada, apostou na produção de conteúdo para a internet muito antes do surgimento de plataformas como Netflix, Globo Play e até YouTube.
Criou, então, a allTV, uma página de internet que transmite programação ao vivo, como uma emissora de TV tradicional. O canal virtual tem programas jornalísticos, esportivos, de entrevistas e até o curioso BWF Combate, uma atração de telecatch nos moldes de Gigantes do Ringue. Passaram pelo canal nomes como Amanda Klein, atualmente na bancada do RedeTV! News, e Luciana Rego, da Record.
"Eu falava da allTV e ninguém entendia o que era. Aí, tive que conceituar e peguei de cada veículo de comunicação o que eles têm de mais importante: a agilidade do rádio, o conteúdo do jornal, a imagem da TV e a interatividade da internet", lembra.
A visão de futuro era tão boa que aconteceu cedo demais: no fim de 2004, menos de dois anos após o lançamento da allTV, Luchetti foi à falência. "Eu quebrei mesmo. Estava só colocando dinheiro no projeto desde 2001, a allTV não se pagava. E o sucesso de público acabou sendo ruim, porque quanto mais gente assistia à emissora, mais eu gastava de banda. Imagina um sujeito que torcia para não ter audiência (risos)?", questiona.
Em 2005, veio a virada: o jornalista começou a ser procurado para produzir transmissões para canais corporativos. O dinheiro que ganhava nos projetos paralelos era usado para manter a emissora funcionando. Hoje, afirma que a rede é autossustentável: "E ainda rende o suficiente para que eu faça investimentos", sinaliza o empresário, que montou um estúdio no Morumbi para sediar a nova fase da allTV.
Mesmo desconectado das redes sociais, Luchetti se mantém ligado em tudo o que acontece na internet. E se gaba por ter ajudado a difundir um conceito de emissora que não depende de concessão do governo para funcionar.
"Hoje, todo mundo pode ter uma TV no YouTube, fazer o seu canal individual. Eu me orgulho muito de ter contribuído para essa democratização da comunicação, acho que abri essa ideia de TV para todo mundo", finaliza.
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