Ignorado pela TV aberta, público infantil ganha dois canais pagos de uma vez

Cada vez mais esquecido pelas emissoras abertas, o público infantil ganhará duas novas opções de programação na TV paga nesta terça-feira (3): em preparação ao Dia das Crianças, serão lançados oficialmente os canais Gloobinho e Nat Geo Kids. A programação de ambos os canais também estará disponível online, em serviços de video on demand (a do segundo já estreou no Now).

O Nat Geo Kids e o Gloobinho se juntam a canais como Gloob, Discovery Kids, Zoomoo, Cartoon Network, Disney Channel, Nickelodeon, Boomerang e TV Rá Tim Bum, voltados ao público infantil.

Na TV aberta, as opções são bem mais modestas: apenas SBT e Cultura dedicam parte de sua programação para as crianças; a Record, aos sábados, também apresenta uma sessão para a faixa etária, na qual exibe Pica-Pau, um desenho que não é tão infantil assim.

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A Globo abandonou a programação infantil diária em 2012, quando trocou a TV Globinho pelo Encontro com Fátima Bernardes. Três anos depois, a atração saiu do ar também aos sábados, cedendo espaço para o É de Casa. Desde 2015, as crianças têm vez no Grupo Globo apenas no canal pago Gloob, lançado em 2012 _e, agora, com o Gloobinho.

Como o nome indica, o novo canal é uma versão do Gloob para crianças ainda menores: enquanto o "irmão mais velho" tem como público-alvo os pequenos de 6 a 9 anos, o novato foca os baixinhos de 2 a 5. A programação pretende apresentar aos espectadores conceitos como amizade, afeto e respeito às diferenças.

Ao contrário do que ocorre com o Gloob, que coloca crianças da faixa etária desejada como protagonistas de sua grade (em séries como Detetives do Prédio Azul e Valentins), o Gloobinho fará programas em que adultos se vestem como personagens infantis.

"Não pretendemos trabalhar com atores de 2 a 5 anos, até porque a logística das gravações seria complicada para crianças dessa idade", explica Paula Taborda dos Guaranys, gerente de conteúdo e programação dos dois canais.

"O público dessa idade, diferentemente das crianças de 6 a 9, vê o aspiracional de outra forma. No Gloob, por exemplo, o público se inspira em crianças da mesma idade ou um pouco mais velhas. O público pré-escolar é mais imaginativo, mais aberto ao lúdico, então ele se inspira e se diverte ao ver um adulto fantasiado de animal, um boneco puppet ou uma árvore que fala. Eles se interessam pelas formas, cores e sons. Por isso, é possível fazer conteúdos live-action que não necessariamente tenham crianças no elenco."

Trulli Tales, coprodução do Gloob com produtoras da Europa, faz parte da grade do Gloobinho

Na estreia, a grade contará com programas como a animação Trulli Tales (coprodução do Gloob com produtoras europeias), A Ratinha e o Urso (inspirado no longa Ernest & Celentine, indicado ao Oscar em 2014) e a coreana Woorooroo. Para os adultos nostálgicos, o Gloobinho também exibirá Hotel Furchester, um spin-off de Vila Sésamo que conta com participações frequentes de Elmo, da série original.

Já o Nat Geo Kids chega ao Brasil em busca de um público intermediário entre o Gloobinho e o Gloob, dos 4 a 7 anos. Longe do segmento infantil desde 2004, quando o canal Fox Kids se transformou em Jetix, da Disney, a Fox volta a investir nesse público com um canal em que a diversão e o conhecimento andam juntos.

"Temos o respaldo de uma das marcas de maior prestígio do planeta, a National Geographic, com um legado de mais de 129 anos e que reúne os melhores cientistas, exploradores, fotógrafos e cineastas para criar histórias que buscam gerar uma mudança no mundo. O Nat Geo Kids não é feito somente para os pais ou crianças, mas sim para uma geração que nasceu com o poder para mudar o mundo", diz Michel Piestun, vice-presidente sênior e gerente-geral da Fox Networks Group.

A grade do Nat Geo Kids terá animações como As Aventuras de Blinky Bill, O Laboratório Secreto de Thomas Edison e Ready Jet Go!, além da série Patrulha Salvadora, exibida originalmente pelo SBT entre 2014 e 2015.

Os dois novos canais também estarão disponíveis em aplicativos e serviços de video on demand. " As crianças estão muito presentes no ambiente digital, mesmo que seja através dos pais no caso dos mais novinhos. Para nós, é essencial oferecermos nossos produtos em todos os meios, através de aplicativos, jogos, VoD e conteúdos exclusivos, sempre explorando novos formatos", justifica Paula, do Gloobinho.

"Temos a mania de chamar de canal, mas é um destino multiplataforma! O canal é aplicativo, site, redes sociais, porque é assim que as crianças de hoje interagem; não querem só ficar sentadas", completa Piustin, do Nat Geo Kids.