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FILME INDIANO

Sensação na Netflix, O Tigre Branco é relato sobre poder e corrupção na Índia

Divulgação/Netflix

Adarsh Gourav coloca fogo em um pedaço de papel em cena do filme O Tigre Branco

Adarsh Gourav como o protagonista de O Tigre Branco, filme indiano que virou sensação na Netflix

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 28/1/2021 - 6h50

Atual sensação da Netflix e líder na relação de filmes mais assistidos da plataforma, O Tigre Branco (2021) entrou no catálogo na sexta-feira (22) e, apesar de vir do mercado indiano, pouco explorado pela audiência brasileira, chamou a atenção com um relato sobre poder e corrupção que assola a população do país asiático. 

O drama é uma adaptação do livro homônimo escrito por Aravind Adiga em 2008 e tem direção de Ramin Bahrani, conhecido por seus trabalhos em 99 Casas (2014) e Fahrenheit 451 (2018). 

Desenvolvido como uma sátira pelo seu tom irônico e (de certa forma) educativo para destrinchar os pilares que formam a sociedade indiana, o filme conta a história de Balram (Adarsh Gourav), jovem nascido em um vilarejo miserável, longe das grandes cidades, e mostra sua ascensão ao poder.

Inteligente desde pequeno, Balram era considerado um prodígio na escola por sua capacidade de ler na língua inglesa. Aos olhos de um instrutor exigente, o garoto era como um tigre branco: uma espécie incrível e rara que só aparece de tempos em tempos.

Todo esse potencial, porém, é deixado de lado quando o jovem é obrigado por sua avó a trabalhar para ajudar a arrecadar dinheiro para a família após seu pai morrer jovem, vítima de uma tuberculose e da má qualidade de vida na região --o hospital mais perto de sua terra fica em uma vila a dois dias de viagem.

Mesmo pobre, Balram mantém sua ambição de mudar de vida, ciente de ser vítima de um sistema quase feudal. Segundo ele, os ricos só continuam prosperando na Índia porque têm o "melhor" sistema democrático do mundo: os mais necessitados se conformam com a inferioridade, presos como se fossem galinhas em um galinheiro, apenas esperando o momento do abate.

Essa mentalidade, descrita como "o bom indiano", faz de Balram, apesar de inteligente, um rapaz ingênuo. Já mais velho, ele vê uma oportunidade de melhorar de vida ao conquistar, depois de muito esforço, a vaga de motorista particular de Ashok (Rajkummar Rao), filho do "senhor feudal" de seu vilarejo que voltou para a Índia depois de se formar nos Estados Unidos.

Como servente de Ashok e sua mulher, a bela e generosa Pinky (Priyanka Chopra-Jonas), o protagonista conhece melhor o outro lado de seu país que, na descrição de seus chefes, é representado por duas castas: os que têm tudo e os que não têm nada.

Sempre aos olhos do jovem motorista, a direção de Bahrani faz um estudo da desigualdade social indiana e de como o sistema viciado e corrupto do Estado (e dos milionários) prende a classe mais necessitada em um ciclo de pobreza sem fim. Mesmo que oportunidades estejam surgindo para os povos marrom e amarelo --na visão de Balram, a hegemonia dos brancos está sucumbindo, e o futuro está nas mãos da Índia e da China --o poder ainda é centralizado nas mãos de quem tem dinheiro.

Mesmo que com uma história interessante, O Tigre Branco só funcionaria se Balram conquistasse a simpatia do público, e a atuação empática e carismática de Gourav faz isso acontecer. Quer Balram esteja agindo de maneira subserviente (porque isso é o que sempre foi dito que ele deveria fazer) ou independente, o ator cria de maneira eficaz um personagem capaz de manter a torcida da audiência.

Em uma época em que filmes como Parasita (2019) ganharam prêmios e respeito internacionais ao desconstruir com sátiras as barreiras sociais, é compreensível que O Tigre Branco conquiste a atenção e o destaque que vem conseguindo. Em uma plataforma como a Netflix, a história de Balram pode alcançar públicos ainda maiores.

Confira o trailer de O Tigre Branco:


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