CRÍTICA
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Lily-Rose Depp em cena do remake de Nosferatu: filme chega aos cinemas nesta quinta (2)
Um pesadelo consome Ellen (Lily-Rose Depp) nos primeiros minutos do remake de Nosferatu, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (2). A respiração entrecortada da protagonista do remake de Robert Eggers preenche a tela do cinema, mas não se sabe se ela sente medo ou prazer pelo ser que a aterroriza. A dualidade da obra do diretor norte-americano não apaga o feito do Nosferatu de 1922, mas sustenta a história do vampiro em um conto gótico com pitadas de um romance proibido e sanguinário.
A premissa de ambas as obras é simples: um vampiro antigo da Transilvânia persegue uma jovem atormentada na Alemanha do século 19. Eggers dá as boas-vindas ao sombrio com sua típica ambientação de paletas frias, da mesma forma que mostrou em A Bruxa (205), O Homem do Norte (2022) e O Farol (2019). Da escolha afiada do elenco às locações, passando pelo jogo de luzes que permeia a história, tudo parece milimetricamente calculado.
A repaginação da figura de Nosferatu, interpretado por Bill Skarsgård na nova versão, fica entre a imagem de um morto-vivo e um demônio. A caracterização, uma das partes mais aguardadas do filme, não deixa a desejar.
A obra trabalha a atmosfera do perigo nos arredores do castelo onde vive o conde Orlok, o vampiro que dá nome à história, e então joga a voz grave e retumbante do ator, capaz de fazer os ossos gelarem.
No remake, a personificação do mal não é apoiada apenas em um figurino. Ela está nas ações desesperadas dos personagens, no suor que escorre da nuca com o breve mencionar do ser impetuoso e, por muitas vezes, no silêncio de um pesadelo. As sombras do vampiro caminham pela cidade, palavras sussurradas carregadas de medo, até que a criatura enfim chega ao vilarejo para buscar Ellen, seu grande amor e a mulher por quem ele é obcecado.
A repaginação do filme clássico de 1922 eleva Eggers mais uma vez ao patamar de "diretor cult". A obra de terror não é um longa-metragem para agradar a todos, tampouco produzido no intuito de se tornar um blockbuster de arrasar quarteirões e fazer bonito nas bilheterias. É um ode ao gótico e ao grotesco, uma carta aberta aos amores que florescem nos cantos mais sombrios de um ser --estando vivo ou não.
O Nosferatu de 2025 carrega mais pontos positivos do que negativos em um gênero que, por si só, já é menosprezado em Hollywood. O toque frio, quase sensual, e a loucura exacerbada dos personagens de Lily-Rose Depp, Bill Skarsgård, Aaron Taylor-Johnson, Willem Dafoe, Nicholas Hoult e Emma Corrin ganha espaço à medida que são consumidos pelas trevas que assolam a cidadezinha alemã. E que chegam a ultrapassar a tela do cinema, se o espectador assim permitir...
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