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CRÍTICA

Ninguém É de Ninguém traz olhar espírita em história sobre abuso e amor eterno

Divulgação/Cinética Filmes

Carol Castro abraça Danton Mello em cena do filme Ninguém É de Ninguém

Carol Castro e Danton Mello em cena de Ninguém É de Ninguém; filme estreia nesta quinta (20)

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 20/4/2023 - 6h25

Adaptação do livro best-seller de Zíbia Gasparetto (1926-2018), Ninguém É de Ninguém é o mais novo filme do "universo espírita" criado pelo diretor Wagner de Assis. Após comandar títulos como Nosso Lar (2010) e Kardec: A História por Trás do Nome (2019), o cineasta usa a obra da autora para discutir relacionamentos abusivos e amor eterno.

Após colocar um olhar espírita em seus filmes anteriores para abordar eventos reais e outros relatos, Assis faz de Ninguém É de Ninguém uma discussão sobre a violência contra a mulher, as relações tóxicas e o papel de cada um do ponto de vista espiritual. Desta maneira, o longa que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (20) pode ser dividido em duas partes.

A primeira conta a história do casal Gabriela (Carol Castro) e Roberto (Danton Mello). Enquanto o rapaz enfrenta uma crise financeira após ser roubado por seu sócio, Gabriela cresce profissionalmente e recebe uma promoção no escritório de advocacia onde trabalha. O fato incomoda o marido machista, que se vê como o único responsável por bancar a família.

A crise entre os dois acaba envolvendo Renato (Rocco Pitanga) e Gioconda (Paloma Bernardi), que também vivem em desarmonia por conta do ciúme dela. Renato é sócio do escritório de Gabriela e responsável por promovê-la, mas tanto sua mulher quanto Roberto enxergam a situação como um alerta de adultério.

A aproximação entre Renato e Gabriela desperta a insegurança de Gioconda, que não mede esforços para manter o relacionamento. Ela se une a Roberto em uma conspiração para acabar com um possível caso entre os dois, mas as artimanhas da dupla resultam em consequências desastrosas.

DIVULGAÇÃO/CINÉTICA FILMES

Paloma Bernardi em cena do filme

Nesta primeira parte de Ninguém É de Ninguém, Assis coloca uma lupa no desenrolar de uma relação tóxica entre dois casais. De um lado, um machista que quer subjugar a parceira a qualquer custo; do outro, uma moça implacável e incapaz de enxergar a própria insegurança.

A opção de deixar gráfico o abuso de Roberto contra Gabriela dá um tom sombrio a um filme que se dispõe a discutir religião em sua segunda parte. Há cenas envolvendo o casal que exigem alerta de gatilho, pelo peso das sequências e pelas ótimas atuações de Carol Castro e Danton Mello.

Enquanto drama familiar, Ninguém É de Ninguém usa o impacto de sua história para comover e educar o público sobre situações absurdas e cotidianas do mundo real. No entanto, ao abraçar a religião como válvula de escape, o longa se perde totalmente ao entrelaçar o quarteto amoroso com a lenda do amor eterno que perdura por várias vidas.

Assis acaba por diminuir a importância de retratar relações tóxicas ao fazer uma ligação espiritual entre os casais. Nem todo trauma pode ser discutido ou explicado através da religião, e os mais céticos podem querer deixar o cinema mais cedo ao entender para onde o roteiro se encaminha no terceiro ato.

Há uma clara divisão de temas em Ninguém É de Ninguém, mas apenas um é capaz de convencer. Isso não diminui, contudo, a força de seu elenco, que faz da "parte um" do longa um relato forte e necessário ainda em 2023.

Assista ao trailer oficial de Ninguém É de Ninguém:


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