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MUNDO EM CAOS

Exaustivo, novo filme com Tom Holland se perde em um mar de boas ideias

Divulgação/Lionsgate

Tom Holland em cena de Mundo em Caos

Tom Holland em Mundo em Caos; filme apresenta mundo onde é possível ouvir os pensamentos dos homens

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 15/5/2021 - 6h45

Atual Homem-Aranha dos cinemas, Tom Holland deixou de lado o uniforme do herói para se aventurar em uma ficção científica em Mundo em Caos (2021), produção que estreou na quinta-feira (13) nos cinemas brasileiros. Dirigido por Doug Liman, o aguardado filme não corresponde às expectativas e se perde em um mar de boas ideias.

O longa adapta o elogiado livro The Knife Of Letting Go (2008), o primeiro de uma série literária escrita por Patrick Ness que chegou ao Brasil com o mesmo título do filme. Com estreia prevista inicialmente para 2020, a produção percorreu um caminho cheio de obstáculos antes de chegar aos cinemas.

Em desenvolvimento há alguns anos, o projeto passou por vários produtores e roteiristas antes de cair nas mãos de Liman. Charlie Kaufman, o mesmo de Estou Pensando em Acabar com Tudo (2020), da Netflix, chegou a ter seu nome atrelado ao filme, mas acabou desistindo.

Mesmo com um diretor definido, Mundo em Caos enfrentou dificuldades comuns na indústria de Hollywood. O corte inicial do filme teria sido muito criticado, o que ocasionou inúmeras refilmagens para encontrar a história certa. No final, um obstáculo ainda maior surgiria: a pandemia de Covid-19 fez do longa mais uma das vítimas de adiamento.

Finalmente disponível para o público, Mundo em Caos traz para as telonas não apenas uma união muito aguardada (Daisy Ridley, de Star Wars, coestrela o filme com Holland), mas também uma trama curiosa. Situado em 2557, o longa mostra uma colônia de humanos que deixou a Terra para se aventurar em Novo Mundo. Neste planeta, as mulheres foram assassinadas pelos aliens locais, e é possível escutar (e ver) os pensamentos de todos os homens.

DIVULGAÇÃO/LIONSGATE

Daisy Ridley e Tom Holland

Todd (Holland) foi um dos poucos humanos a nascer no Novo Mundo. Sua mãe fora assassinada quando ele ainda era um bebê, o que nunca o permitiu ter contato com uma mulher. Ele vive em uma fazenda com os pais adotivos, Ben (Demián Bichir) e Cillian (Kurt Sutter), mas sonha em ser reconhecido pelo prefeito e líder da comunidade, Prentiss (Mads Mikkelsen).

Sua vida vira do avesso quando ele percebe uma sombra saindo do celeiro no seu quintal e fugindo para a floresta. Ao perseguir o invasor, dá de cara com uma nave especial destruída bem no meio do local. A figura misteriosa aparece, e pela primeira vez Todd conhece uma garota (Daisy).

A presença de uma mulher, que se apresenta como Viola, causa um alvoroço na comunidade. Apenas os homens são afetados pelo Barulho --a reação que faz com que os todos ouçam seus pensamentos--, e Prentiss corre para capturá-la e interrogá-la.

Determinado a proteger a recém-chegada, Todd é aconselhado pelos pais a fugir para as matas e encontrar um local em que ela possa se comunicar com os humanos que a enviaram para lá, dando início a uma acalorada perseguição.

Produzido pela Lionsgate, a mesma de Jogos Vorazes, Mundo em Caos surgiu como uma nova tentativa de franquia capaz de conquistar o público teen que gosta de fantasia e ficção. A premissa inicial, de um mundo onde é possível escutar os pensamentos dos homens encanta, mas a execução falha acaba tornando a melhor qualidade da trama em um peso.

DIVULGAÇÃO/LIONSGATE

Viola é interrogada por Prentiss

Os efeitos visuais e sonoros escolhidos por Liman causam cansaço no decorrer do filme. Até que seja possível se acostumar com a realidade dos personagens, é exaustivo ver Holland falar e, quase que automaticamente, um áudio em off da sua voz acrescentar o que ele está pensando. Não apenas dificulta a compreensão como torna a narrativa redundante.

Por mais que o carisma do novo Homem-Aranha possibilite momentos cômicos ao lado de Daisy, o roteiro abusa das sugestões sobre um relacionamento entre os dois. A repetição de piadas com um possível beijo torna a construção desse arco desinteressante e previsível.

A inocência de Todd e seu amadurecimento durante a jornada com Viola, por outro lado, são o grande motor do filme. O roteiro coescrito por Ness e Christopher Ford habilmente dramatiza como jovens garotos tentam esconder suas inseguranças por medo de serem julgados por serem "fracos" --quando, na verdade, a descoberta de Viola e seu complexa história do Novo Mundo têm o efeito oposto.

A perda das mulheres na colônia é uma metáfora patriarcal retirada dos livros, e os vilões representados pelo prefeito de Mikkelsen e pelo padre sádico vivido por David Oyelowo são símbolos unidimensionais da masculinidade tóxica, mostrando que havia conteúdo o bastante para tornar o longa mais interessante e complexo.

No final, fica o sentimento de que Mundo em Caos, mesmo que tenha qualidade, perdeu uma ótima oportunidade para expandir um mundo tão interessante quanto o de outras franquias. Caso o público responda positivamente, fica a esperança de que uma sequência coloque o trem de volta nos trilhos.

Assista ao trailer legendado de Mundo em Caos:


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