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VAI TER TROCO

Ex-Carrossel, Nicholas Torres se rebela ao interpretar michê em comédia

REPRODUÇÃO/STAR+

Nicholas Torres em cena de Vai Ter Troco

Nicholas Torres é intérprete de JohnJohn em Vai Ter Troco, novo filme de comédia nacional

JOSÉ VIEIRA

jose@noticiasdatv.com

Publicado em 18/8/2023 - 6h25

Nicholas Torres ainda é lembrado como o Jaime Palillo da novela Carrossel (2012). Aos 23 anos, o ator se distancia da imagem infantil para estrelar Vai Ter Troco, comédia lançada na quinta-feira (17) nos cinemas. Na produção, ele dá vida a JohnJohn, jovem que começa a trabalhar como garoto de programa após sua família decretar falência.

O filme acompanha o cotidiano da família DiSilva, liderada pelo casal Afonso (Marcos Veras) e Sarita (Miá Mello). Após investigações policiais, o empresário é preso por desviar o dinheiro da merenda de escolas públicas em uma ação com outros políticos. Devido ao encarceramento, suas contas bancárias são confiscadas, e a família passa a ter dificuldades financeiras.

Além das finanças, eles terão de lidar com a ira de seus funcionários. Há meses com os salários atrasados, Tonha (Evelyn Castro), Zildete (Nany People) e Nivaldo (Edmilson Filho) se unem para cobrar os pagamentos.

Os filhos de Afonso, nascidos em um ambiente privilegiado, não conseguem se adaptar à nova rotina. Miranda (Giovanna Grigio) é influenciadora digital e se desespera ao notar que a família não tem dinheiro nem para pagar um pacote de internet para o seu celular.

JohnJohn, por sua vez, decide superar o saldo negativo ao iniciar uma carreira como garoto de programa. Aconselhado por Nivaldo, o jovem assume um alter ego e passa a ser contratado para orgias com idosas de seu condomínio.

Vale a pena assistir Vai Ter Troco?

Dirigido por Maurício Eça, a produção não se esforça para ir além de uma comédia pastelão. O enredo tenta flertar com algumas críticas sociais, mas a falta de um desenvolvimento aprimorado faz com que essas mensagens se tornem breves acenos ao espectador.

O filme aborda o consumo de redes sociais na atualidade. A partir de Miranda, a trama satura ainda mais o tema ao se basear apenas em estereótipos de influenciadores digitais. Apesar das nuances dramáticas da personagem, qualquer empatia é impossibilitada devido à superficialidade exagerada.

Vai Ter Troco ainda comenta as relações de classe e poder no Brasil. O filho de Tonha, por exemplo, é vítima direta do escândalo de corrupção iniciado por Afonso. A criança é estudante de escola pública e sofre com a baixa infraestrutura da instituição.

Já Zildete, funcionária da família DiSilva há anos, acompanhou o crescimento de Miranda e JohnJohn. Os jovens têm maior intimidade com a empregada doméstica do que com os próprios pais, que insistem em menosprezá-los. Mas ambas as situações não recebem o tempo de tela necessário para que a audiência possa mergulhar e compreender o difícil cotidiano das personagens.

Apesar dos temas recorrentes na sociedade brasileira, a produção recheia suas quase duas horas de duração com diálogos expositivos e frases de indignação possivelmente retiradas de perfis no Facebook. Mesmo com o bom trabalho de Evelyn Castro e Nany People, Vai Ter Troco não vai causar nada além de um meio sorriso no público.


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