Emanuelle Araujo se embrenha no sertão do Tocantins em busca de primeiro Kikito

O 51º Festival de Cinema de Gramado chega ao fim neste sábado (19) com a esperada entrega dos Kikitos. Sempre equilibrada na linha entre cantora e atriz, Emanuelle Araujo é uma das favoritas ao troféu por seu trabalho no longa O Barulho da Noite. A artista chegou a viver no sertão do Tocantins para rodar uma história que coloca o dedo na ferida ao abordar o abuso infantil.

"É um filme muito importante, estou muito feliz pela minha indicação como melhor atriz e por todas as outras que Barulho teve. Mas, para além disso, feliz que ele esteja recebendo essa atenção. Uma indicação em Gramado gera  expectativa", valoriza Emanuelle em conversa com o Notícias da TV.

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"O Barulho da Noite tem um assunto delicado, difícil, fala de abusos sexuais infantis. Tudo se passa nas regiões ribeirinhas do Tocantins, tem uma história profunda, dura, mas contada com poesia pela Eva Pereira, que é tocantinense. É o primeiro longa do Tocantins, o único filme dirigido por uma mulher entre os indicados, é muito especial ter esse espaço."

Para rodar o projeto, Emanuelle deixou temporariamente sua vida confortável no Rio de Janeiro e se embrenhou durante 40 dias na rotina inóspita de sua personagem, Sônia. Abrir mão de certos luxos não foi um incômodo para a atriz. Pelo contrário. "Essa é a maior delícia do cinema", se empolga.

Uma das coisas que mais me encanta na arte é esse mergulho, viver vidas que não são minhas, experienciar por todos os lados o respirar dos meus personagens. Foi totalmente diferente da minha vida, do meu cotidiano, mas essa é a delícia. Não tem como não se modificar. O que me dá tesão é contar boas histórias! E fazer que as pessoas mergulhem em universos diversos. Isso aconteceu profundamente, pude viver aquele cenário, o chão, a terra, o sol, a barriga na beira do fogão.

Emanuelle ressalta ainda a importância de ter uma mulher na direção desse projeto tão importante --Eva Pereira também assina o roteiro do projeto. "Ela sabia exatamente a história que queria contar. Isso é essencial para mim, porque eu sou uma atriz de muita escuta, acho importante ser conduzida pelo olhar do diretor. A Eva tem o feminino muito potente, sabe o que quer dizer."

"Ter a direção dela foi determinante para o meu trabalho, para o que ela queria com a Sônia, uma personagem superdifícil. E um trabalho muito novo na minha carreira, uma realidade do Norte, do sertão, tão distante de mim. Porque o Brasil é muito grande, cada Estado tem diferentes sotaques, não só o da palavra, como também o dos costumes. E a Eva me conduziu de uma maneira  muito brilhante. Sou muito agradecida e me entreguei demais!"

Enquanto começa a colher os frutos de uma atuação tão intensa --O Barulho da Noite foi rodado em 2018 e só agora conseguiu ser lançado--, Emanuelle também mantém a carreira musical a todo vapor. Na última semana, reuniu Lan Lahn, Toni Costa e companhia para um show do Moinho (que deve marcar o pontapé da turnê de 20 anos da banda). No domingo (13), ainda estreou com a Orquestra Imperial um show em homenagem a Rita Lee (1947-2023).

"Foram duas noites lindas, ainda estou bêbada de emoção. O Moinho nunca acabou, mas nós temos nossas carreiras individuais que dificultam uma persistência dos shows. Só que o show foi tão retumbante que deu vontade de fazer mais, programar uma comemoração maior dos 20 anos em 2024. E com a Orquestra foi incrível, em pleno Dia dos Pais, pudemos dedicar a apresentação ao Roberto de Carvalho, cantando Rita, que eu idolatro."

A cerimônia de premiação do Festival de Cinema de Gramado está prevista para começar às 21h. O Canal Brasil transmite a entrega dos Kikitos para quem não pode acompanhar a festa in loco na cidade gaúcha. Confira o teaser do filme O Barulho da Noite: