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FELIPE BRAGANÇA

Diretor de novo Macunaíma detona Bolsonaro: 'Quer cancelar o século 20'

Reprodução/YouTube

Felipe Bragança durante entrevista em canal no YouTube

Felipe Bragança em vídeo publicado no YouTube; diretor de Macunaíma criticou atitudes de Bolsonaro

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 8/1/2021 - 16h42

Felipe Bragança, diretor da nova adaptação de Macunaíma (1928), obra do escritor brasileiro Mário de Andrade (1893-1945), soltou o verbo e detonou Jair Bolsonaro por seus atos contra a cultura do país desde que assumiu a presidência. Para o cineasta, o presidente "quer cancelar o século 20".

Em entrevista à Variety, Bragança revelou que a crise política vivida pelo Brasil nos últimos anos serviram como inspiração para o desenvolvimento do longa.

"Eu tenho o sentimento de essa crise foi meio que uma perda de identidade. O Brasil parece estar desaparecendo. A ideia de Jair Bolsonaro é cancelar o século 20 do Brasil, sua cultura mista, voltar ao país do século 19 onde os brancos comandavam e os outros deveriam ficar felizes apenas por terem um trabalho", criticou.

Na opinião do cineasta, apesar de todos os esforços de Bolsonaro, a cultura brasileira ainda resiste.

"Nossa cultura ainda existe, mesmo que menos idealizada do que antes. Macunaíma, assim como meus outros filmes, reflete essa crise que estamos vivendo atualmente", acrescentou.

Sobre a nova adaptação, Bragança disse que manterá a essência da obra de Andrade, mas com um olhar mais contemporâneo da cultura brasileira.

"Existe uma sentença em um poema do próprio Mario de Andrade que diz: 'Eu não sou apenas uma pessoa, sou 300'. A ideia de que nós somos uma mistura de muitas coisas, não apenas uma, mas não estou interessado na ideia dos anos 1940 e 1950 de que o Brasil, com sua mistura racial, é uma utopia perfeita. Isso seria um erro", disse.

O diretor termina dizendo que, para ele, Macunaíma é a antítese do Capitão América, herói considerado exemplo para os norte-americanos, e é isso que o torna um personagem mais interessante.

"Macunaíma é o anti-Capitão América. Ele comete muitos erros, apesar de que, quanto mais erros comete, mais ele aprende. Mas [Macunaíma] não está lá para salvar ninguém. Nós adoraríamos usar as lendas originais dos Makuxi e outras tribos do norte do Brasil, assim como Andrade usou para o seu livro. Mas nós não vamos fazer um trabalho de nostalgia moderna, [o filme] é um trabalho modernista para agora."

Macunaíma já foi adaptado para os cinemas no filme de 1969 estrelado por Grande Otelo e Paulo André. Bragança apresentará sua versão no Festival de Cinema Internacional de Roterdão, em fevereiro deste ano.


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