Na HBO
Divulgação/HBO
Bryan Cranston em cena de Até o Fim no papel do presidente americano Lyndon Johnson
FERNANDA LOPES
Publicado em 23/5/2016 - 7h17
Depois do sucesso de público e crítica pela performance como o Walter White de Breaking Bad (2008-2013), Bryan Cranston está de volta à TV com outro personagem forte. Ele interpreta o presidente norte-americano Lyndon Johnson no filme Até o Fim, que estreia na HBO nesta segunda-feira (23), a partir das 22h.
Lyndon Johnson foi o presidente que assumiu o comando dos Estados Unidos após o assassinato de John Kennedy, em 1963. O filme mostra sua trajetória até as eleições presidenciais de 1964. Na década de 1960, o grande tema do país eram os direitos civis. De um lado, Johnson precisava do apoio dos senadores do sul dos EUA, região tradicionalmente conservadora. De outro, o presidente era pressionado pelo ativista Martin Luther King para aprovar no Congresso a lei dos direitos civis, que proibiria a segregação racial em locais públicos e obrigaria os cartórios eleitorais a alistarem os negros. Protestos e embates entre negros e brancos pipocavam pelo país.
O papel de presidente não é novidade na carreira de Cranston. Ele interpretou Lyndon Johnson em 2014 na peça de teatro na qual o filme foi baseado, chamada All the Way, e ganhou um prêmioTony (considerado o Oscar do teatro) de melhor ator. "No palco, você tem um relacionamento com o público que é gratificante, uma troca. Você perde isso no filme, mas ganha a habilidade de ser menor, mais sutil, com mais nuances", disse em entrevista ao jornal USA Today.
Para se transformar no presidente retratado no filme, o ator passava por duas horas de maquiagem todos os dias, usava sapatos com salto e até próteses de orelha. Para o USA Today, Cranston contou que tinha fotos do presidente em seu camarim e perguntava para ele, antes de começar a gravar: "Estou te fazendo justiça?".
Divulgação/hbo
Os atores Bryan Cranston e Anthony Mackie durante cena do filme Até o Fim, da HBO
A direção de Jay Roach (de Trumbo - Lista Negra, 2015, também protagonizado por Cranston) e a produção executiva de Steven Spielberg também não passam despercebidas. As cenas rápidas e os diálogos ágeis e intensos não dão espaço para distrações.
Nesse ponto, o telespectador brasileiro precisa ficar especialmente atento. Por falar de política americana e mostrar aspectos particulares da legislação do país, muitos detalhes podem deixar o público um tanto quanto perdido na trama. É o caso das cenas em que os senadores planejam um "filibuster": a estratégia de retardar uma votação e criar obstáculos para que uma lei não seja aprovada no parlamento.
Mesmo assim, as cerca de duas horas de filme são um bom entretenimento, em grande parte pelas atuações fiéis aos personagens reais. Cranston reproduz muito bem o sotaque sulista do presidente do Texas e as vertentes opostas da personalidade de Lyndon Johnson: um político aparentemente benfeitor e claramente manipulador, um homem implacável em público e inseguro na intimidade.
Além do trabalho de Cranston, destacam-se as atuações de dois atores. Dona do Oscar de melhor atriz coadjuvante por O Vencedor (2010), Melissa Leo interpreta a primeira-dama Lady Bird Johnson, companheira e conselheira fiel do presidente. Já Anthony Mackie chama a atenção pela interpretação do ativista Martin Luther King, um dos personagens mais importantes da história dos EUA.
Acompanhado de bons coadjuvantes, Cranston consegue desenvolver muito bem seu protagonista e apresenta ao público não só os bastidores da história americana como também os dilemas pessoais de um dos homens públicos mais poderosos e controversos do século passado.
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