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REPORTAGEM

Por que Ana Hickmann está endividada se fatura mais de R$ 150 milhões?

Divulgação

Ana Hickmann em evento do instituto que leva seu nome e oferece cursos para profissionais da beleza; ela está com os braços abertos e usa um vestido verde

Ana Hickmann em evento do instituto que leva seu nome e oferece cursos para profissionais da beleza

DANIEL CASTRO e LI LACERDA

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 17/11/2023 - 21h08
Atualizado em 18/11/2023 - 7h13

As agressões sofridas por Ana Hickmann por parte de seu marido, Alexandre Correa, trouxeram à tona os problemas financeiros da apresentadora da Record. Levantamento realizado pelo Notícias da TV revela que Ana, seu esposo e suas empresas devem pelo menos R$ 9,5 milhões e são alvos de 15 ações judiciais de cobrança. Mas por que uma profissional tão bem-sucedida e rica está com o nome sujo, sem crédito e correndo risco de perder imóveis e veículos? Ela tem patrimônio para se livrar das dívidas?

O Notícias da TV fez essas perguntas para advogados e gestores e a resposta mais comum é a de que há vários indícios de má gestão/governança, agravada pela pandemia de Covid-19. Os negócios de Ana são administrados pelo marido, e os problemas financeiros, que começaram em 2021, foram o motivo da crise pela qual passa o casal, junto há 25 anos, mas separado desde o último sábado (11), quando Correa a agrediu em sua casa em Itu, na frente do filho e de funcionários.

De acordo com a avaliação de especialistas, Ana tem patrimônio e potencial de fazer receitas para sair do buraco, embora isso não seja tão simples. Ela possui imóveis que seriam suficientes para pagar as dívidas conhecidas até agora. Um deles, um terreno no Pacaembu (zona oeste de São Paulo), está à venda na plataforma Viva Real por R$ 6,5 milhões. Possui outros dois apartamentos em São Paulo que valeriam por volta de R$ 6 milhões. E vive em uma casa gigantesca (2.600 metros quadrados em um condomínio de luxo de Itu).

Além disso, Ana Hickmann recebe por volta de R$ 300 mil mensais da Record e empresta seu nome para linhas de roupas, acessórios, óculos e cosméticos e para franquias de lojas de depilação e de escola de beleza, entre outros negócios.

As 420 unidades Maislaser (depilação) e o Instituto/Escola Profissionalizante Ana Hickmann faturaram no ano passado R$ 150 milhões, segundo informações divulgadas pelas próprias empresas. Para este ano, a previsão é de chegar a 500 lojas e R$ 250 milhões de receita bruta. Ana tem 20% da Maislaser e recebe de 4% a 5% de participação nas vendas de produtos com seu nome.

Notícias recentes, no entanto, mostram que as franquias da apresentadora passam por turbulências. Em abril, a colunista Fábia Oliveira, do Metrópoles, descobriu que a rede de depilação de Ana Hickmann "estava ruindo", com o fechamento de "várias unidades" no Rio de Janeiro e franqueados reclamando que o negócio não dava o retorno prometido, que tinham prejuízo.

Nesta semana, o portal Leo Dias revelou que uma franqueada do Instituto Ana Hickmann em Betim (MG) está acusando a apresentadora, o marido e o cunhado (Gustavo Correa, gestor de franquias) de "propaganda enganosa, ameaças e coerção".

No site ReclameAqui, uma cliente da rede relatou em outubro o fechamento de unidade em Campinas (SP) depois de ter pago R$ 5.000 por dois cursos. "A franquia fechou antes de finalizar meu curso e se recusa a proceder com o reembolso", protestou.

Indícios de má gestão

Para um consultor empresarial, especialista em assuntos tributários, ouvido pelo Notícias da TV sob a condição de não ter seu nome revelado, há vários indícios de gestão amadora do patrimônio de Ana Hickmann, a cargo de Alexandre Correa.

O mais evidente deles é o fato de a principal empresa do casal, a Hickmann Serviços, estar devendo R$ 1,7 milhão de impostos para o governo federal. A dívida está sendo cobrada na Justiça Federal, que pode determinar o bloqueio de bens, quando poderia ter sido negociada com desconto de pelo menos 40% nos juros e multas e paga em até 60 parcelas. "Isso sugere que houve desleixo ou falta de interesse em negociar", diz o consultor.

Outro indicador de descontrole administrativo é o fato de o casal ter tomado empréstimos bancários sucessivos, possivelmente para pagar outros empréstimos ou dívidas. A bola de neve financeira começou com R$ 2,166 milhões obtidos junto ao Banco do Brasil em setembro passado e terminou em junho deste ano com R$ 1,601 milhão no Banco Safra. Ao todo, foram R$ 7,5 milhões de empréstimos bancários em apenas nove meses.

Foi em junho último que o mercado percebeu que a Hickmann Serviços, Ana Hickmann e Alexandre Correa tinham deixado de ser bons pagadores. Desde então, foram impetradas 14 ações de execução judicial de dívidas. E não conseguiram mais empréstimos.

"Me parece que perderam a mão da administração. Uma série de questões pode ter levado à crise financeira, não só má administração, mas também fatores externos, como a  pandemia. Tentaram apagar incêndio e foram assinando contratos de empréstimos, entrando numa ciranda financeira. E não há casamento que resista a crise financeira", opina o advogado criminalista Gil Ortuzal.

Para o especialista, houve um problema de gestão de crise, que poderia ter sido solucionado com a venda de imóveis. "Pela minha experiência, diria que não quiseram se desfazer de patrimônio, quiseram continuar andando em carro de R$ 2 milhões", diz.

Fontes ouvidas pelo Notícias da TV também apontam na gestão da marca Ana Hickmann a falta de "soft skills", como são chamadas as habilidades humanas não técnicas, como inteligência emocional.

Funcionários de bancos para os quais a apresentadora deve dinheiro relatam conversas tensas, em tom de voz alterado, com Alexandre Correa, que tem um histórico de agressividade. Por ter discutido feio com seguranças, ele está há três anos proibido de entrar na Record.

reprodução/youtube

Alexandre Correa teria gritado com funcionários de bancos

Outro lado: Franquias não estão em crise

Procurados por meio de sua assessoria de imprensa, Ana Hickmann e Alexandre Correa não se manifestaram.

A Maislaser e a Escola Profissionalizante Ana Hickmann enviaram o seguinte comunicado, em que afirmam que não têm nenhum problema financeiro:

"A Maislaser e a Escola Profissionalizante Ana Hickmann são franquias guiadas pelo compromisso com a excelência, qualidade e satisfação dos franqueados e clientes. Ambas zelam pelo suporte aos franqueados, honrando o formato franchising com a transferência de know-how e o padrão de funcionamento do negócio.

Atualmente, as duas franqueadoras funcionam de forma saudável e não apresentam nenhum problema financeiro. É importante ressaltar que ambas possuem núcleos e CNPJ diferentes, sem qualquer relação com outros negócios citados na imprensa nos últimos dias.

Porém, nenhuma rede de franquia está livre da situação econômica nacional e de variáveis de mercado. Cabe a elas enfrentarem esses desafios oferecendo soluções e inovações em seus negócios, como a Maislaser e a Escola Profissionalizante Ana Hickmann têm feito ao longo dos anos, ambas compostas por uma diretoria com amplo conhecimento e experiência em suas respectivas áreas.

Apesar de todo empenho, as duas redes ou qualquer outra franquia do setor não podem garantir o mesmo desempenho de todos os franqueados, pois a boa gestão da unidade e o sucesso da operação dependem deles. Quando isso não é honrado, no entanto, pode acontecer de a unidade ser repassada para outro franqueado (se houver essa possibilidade) ou de ter suas operações encerradas.

O que temos acompanhado são alguns poucos ex-franqueados, que não se dedicaram integralmente ao negócio e não seguiram os processos estabelecidos pela franqueadora, agindo de má-fé e se aproveitando de um momento delicado na vida pessoal de Ana Hickmann para atacar seus negócios. Alguns deles sequer honraram os compromissos que estabeleceram com clientes, não realizando o serviço contratado e nem o reembolso. Por repudiarem esse tipo de atitude, as franqueadoras entraram com ação judicial contra esses franqueados.

Especificamente sobre as declarações de Keila Mara Vieira no programa Fofocalizando, do SBT, exibido no dia 16 de novembro, a Escola Profissionalizante Ana Hickmann esclarece que as afirmações são falsas e sem fundamento. Primeiramente, é importante destacar, Keila não é sócia de nenhuma unidade da rede. Ela atua como administradora da franquia de Betim, unidade que teve início de operação em 18 de dezembro de 2021, e rescisão efetivada em 9 de novembro de 2023 por falta de cumprimento dos compromissos da franqueada com a franqueadora, mesmo após os esforços da Escola Profissionalizante Ana Hickmann em acertar os débitos.

Sobre o ReclameAqui, a aluna está recebendo o reembolso de forma parcelada pela respectiva unidade.

Neste momento, diante dessas declarações infundadas, a Maislaser e Escola Profissionalizante Ana Hickmann reafirmam o compromisso com a excelência e a satisfação de franqueados e clientes."


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