ERIKA JANUZA
Reprodução/TV Globo
Raquel (Erika Januza) leva sermão de Nádia (Eliane Giardini) em O Outro Lado do Paraíso
LUCIANO GUARALDO e MÁRCIA PEREIRA
Publicado em 1/11/2017 - 5h22
Em O Outro Lado do Paraíso, Raquel (Erika Januza) é vítima do racismo da patroa, Nádia (Eliane Giardini), que não suporta ver a doméstica envolvida com o filho, Bruno (Caio Paduan). Os comentários da dondoca podem chocar o telespectador, mas não impressionam a atriz, que já passou por muitas situações de racismo na vida.
"Sofri [preconceito] a vida inteira e ainda sofro. No dia a dia, eu já passei por muitas coisas. Há uns cinco meses, por exemplo, um cara brigou comigo no sinal e falou: 'Tinha que ser neguinha mesmo'. Na hora, me deu um ódio tão grande que eu não consegui reagir. É muito doído", conta.
Erika, de 32 anos, está na televisão há exatamente cinco: ela fez sua estreia em 1º de novembro de 2012 como protagonista da série Suburbia, que também abordava racismo e representatividade negra. Antes, trabalhava como secretária de uma escola no interior de Minas Gerais.
"A questão de agora ser atriz ameniza um pouco, mas o preconceito velado às vezes é pior do que o explícito. A pessoa te encara de cima a baixo, fica olhando de rabo de olho. Ela nem precisa falar nada, porque você sente", conta.
Para entender o drama de Raquel em seu romance com Bruno, Erika não precisou ir muito longe.
"Eu já tive namoros em que a família do cara era contra por causa da cor da minha pele", lembra ela, que também conversou com familiares sobre experiências com racismo: "Minha avó me contou coisas que me deixaram indignada, ela era tão humilhada! Fiquei revoltada com a maneira horrível como ela, meu pai e os irmãos dela eram tratados".
A atriz reconhece que preconceito não é um tema leve, mas valoriza o debate proporcionado pela novela. "A novela vem para levantar essas questões. Algumas pessoas reclamam, 'mas vai falar disso de novo?', porém é um tema que deve ser falado sempre. Se está acontecendo, precisa ser debatido".
Erika encara com otimismo a questão da representatividade negra na TV. "Quando eu era criança, não tinha ninguém em quem me espelhar. Hoje, sinto que há um orgulho maior por ser negra. As meninas chegam para mim e falam: 'Você me representa'. Fico até arrepiada", emociona-se.
Além do racismo
A intérprete de Raquel alega que os problemas de Nádia vão muito além do racismo. "Ela sofre preconceito social também, porque a empregada anterior não era negra e já era maltratada. Acho que ela também discriminaria homossexuais e qualquer pessoa que fuja ao padrão do que a Nádia julga como certo", defende.
Tudo o que Raquel passar nas mãos da patroa vai servir para amadurecer a personagem. "É uma jornada que vai fortalecê-la. Porque ela vai sofrer, vai sofrer e vai sofrer, mas esse sofrimento, como acontece na vida da gente, tem que servir para alguma coisa. E, no caso dela, vai servir para levantá-la!", resume.
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