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NO MANO A MANO

Regina Casé abre o jogo sobre rumores de que odeia pobres: 'Ruim pra caramba'

Divulgação/Globoplay

Regina Casé caracterizada como Zoé da Cruz em Todas as Flores

Regina Casé em Todas as Flores; atriz desabafou preconceitos que sofre desde a época do Esquenta

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 3/5/2023 - 10h10

Desde os anos 2010, rumores circulam nas redes sociais sobre Regina Casé --há quem ache que ela não gosta de pessoas pobres, ao menos não tanto quanto demonstrava gostar quando apresentava o Esquenta! (2011-2017) na Globo. Em entrevista a Mano Brown no podcast Mano a Mano, a atriz contou que essa foi a crítica que mais lhe afetou em sua carreira. "A vida da gente era ruim pra caramba", desabafou. 

Durante a conversa com o rapper, que irá ao ar no episódio do Mano a Mano desta quinta (4), Regina deixou claro que sabe que foi e é alvo de críticas por ter dado espaço a artistas e moradores de periferias e comunidades em seus programas, ao mesmo tempo em que ela mesma tem uma condição financeira bastante confortável. 

A artista abriu o jogo sobre como os boatos de que "odeia pobres" a afetaram. "As pessoas falam: 'A Regina não gosta de pobre não, não gosta de preto. Ela mora na Zona Sul'", contou.

No comando do Esquenta!, ela disse ter sofrido com preconceitos sobre seus convidados. "O estigma do programa era: 'Regina só anda com bandido'", declarou.

Diziam: 'O Esquenta! é programa de maconheiro, macumbeiro, veado, bandido…'. Porque [para os críticos] funkeiro e bandido são sinônimos. Só que o cara que aparecia lá, ninguém sabia o nome. Eles sabem o meu. Então, todo o preconceito contra cada uma dessas pessoas fazia um funil, um ralo, e vinha para mim. A vida da gente era ruim pra caramba. De embate na rua", desabafou.

Atualmente no ar em Todas as Flores, novela de João Emanuel Carneiro do Globoplay, Regina relembrou as dificuldades que sofria por ser uma mulher com raízes nordestinas buscando seu espaço na TV. 

"Por que Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante não viraram atores dramáticos? Por que eles vão para o humor? Porque só de ele ter aquele sotaque e aquela cara ele é considerado um palhaço. É caricato. O preconceito é tão forte e tão completamente naturalizado que não adianta, ninguém conseguiria vê-los num papel sério ou dramático", pontuou.

A artista revelou que precisou criar seu próprio espaço para poder quebrar os estigmas que a acompanhavam. "Qualquer nordestino era fadado a ficar no humor. Eu descobri isso logo. Porque eu tenho esta cabeça de Ademar, queixo de Adevictor e orelha de Adejar. São os três irmãos do meu avô. Com esta cara, eu logo vi que não seria a mocinha da novela", afirmou ela.

"Aí eu falei: 'Não, eu vou inventar o meu lugar. Porque nesse lugar eu não vou encaixar'. Aí na televisão eu comecei a inventar os meus próprios programas, porque eu não encaixava em nenhum outro programa", explicou.

A atriz se vê como fruto de uma grande miscigenação, mas que ainda é colocada em um lugar muito complicado. "O meu lugar de fala é difícil pra caramba. Eu sou mãe de preto, convivo com um monte de preto no meu dia a dia e me dilacero com cada injustiça e desigualdade a cada dia. E vendo coisas que uma branca não conseguiria ver nem que ela lesse todos os livros, porque você conviver todo dia muda muito", declarou.

"É claro que eu não estou sentindo na minha pele, porque no Brasil eu sou branca. Ainda mais quando você tem grana e é famosa. Eu sou quase loura", debochou.

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